Várias cidades da Rússia comemoraram hoje o Dia da Vitória, que marca a derrota da Alemanha nazi em 1945, “um orgulho” para muitos russos, apesar dos impasses no conflito com a Ucrânia e das restrições de segurança.

Dezenas de pessoas, incluindo famílias com crianças, dirigiram-se ao parque Gorky em Moscovo, perto da Praça Vermelha, onde se realizou o desfile militar russo do Dia da Vitória, este ano mais limitado.

Na entrada do parque, vários cidadãos tiraram fotografias perto das grandes letras “Z” e “V”, que se tornaram símbolos de apoio à ofensiva militar.

“Devemos continuar (a comemorar)”, disse à agência France-Press o moscovita Roman Goulydov, que visitou o parque com o seu filho.

Para Goulydov, “a história repete-se” na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.

“Sempre surgiu um sentimento de orgulho durante a parada militar”, afirmou a reitora do Instituto de Desenvolvimento da Educação da cidade de Yekaterimburgo (cerca de 1.500 quilómetros a este de Moscovo), Svetlana Trenikhina.

“Todos nós esperamos e acreditamos que haverá uma vitória”, acrescentou.

O desfile militar russo do Dia da Vitória aconteceu hoje na Praça Vermelha, em Moscovo, na presença do Presidente da Rússia e de vários líderes de repúblicas ex-soviéticas, sob fortes medidas de segurança.

O Kremlin admitiu que as autoridades decidiram cancelar vários atos públicos relacionados com o 09 de maio (Dia da Vitória) – uma das datas mais importantes do calendário político da Rússia e que assinala a capitulação da Alemanha nazi, em 1945. 

A habitual marcha do “Regimento Imortal”, como é conhecido na Rússia, foi cancelada por “receio de atos terroristas de Kiev”.

Na Grande Guerra Patriótica, como é conhecida a campanha soviética durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), morreram 26 milhões de cidadãos soviéticos, entre os quais oito milhões de soldados, de acordo com os dados históricos oficiais. 

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.