Estruturas encontradas podem revelar edifício mais velho do que a Sé de Braga.

A Casa do Conhecimento, no Largo do Paço, acolheu ontem a apresentação dos resultados preliminares da intervenção arqueológica que está a decorrer no edifício da Rua Senhora do Leite, junto à Sé de Braga.

Os primeiros resultados da intervenção arqueológica que está a decorrer no edifício da Rua Senhora do Leite, junto à Sé de Braga, foram apresentados publicamente, na tarde de ontem, e de acordo com a arqueóloga e professora do Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (UMinho), Fernanda Puga Magalhães, os vestígios apontam para o século V, ou seja, estamos perante construções que são seguramente “mais antigas que a Sé de Braga”.

Inserida no programa da Braga Romana, a iniciativa subordinada ao tema ‘Oportunidades e Desafios da Arqueologia Urbana’ teve lugar na Casa do Conhecimento, no Largo do Paço, e reuniu especialistas da arqueologia e do património histórico de Portugal e Espanha.

Entre os pontos em análise estiveram os primeiros resultados relativos à intervenção arqueológica no edifício da Rua Nossa Senhora do Leite, nºs 8/10. Por enquanto “ainda estamos no terreno das hipóteses. Os trabalhos de campo ainda estão a decorrer e é tudo ainda muito preliminar”, esclareceu Fernanda Puga Magalhães.

Segundo a arqueóloga, podemos estar perante um edifício ou vários edifícios, que podem ter uma função civil ou religiosa. “Temos elementos que nos conduzem para uma funcionalidade religiosa e outros que nos conduzem para uma interpretação civil do espaço. Temos de ter em conta toda a envolve, ou seja, os vestígios que já foram identificados em redor. Tudo tem de ser conjugado, funciona como um puzzle que estamos a montar, e só depois será possível dizer com certeza qual a funcionalidade do espaço”, garantiu.

Contudo, existem já alguns aspectos que são certos, entre eles que estamos perante vestígios que são “mais antigos que Sé de Braga”. “Sabemos que estamos a falar de um edifício que tem uma datação que vai desde o século V até à atualidade”.
O projecto é coordenado pela equipa da unidade de Arqueologia da UMinho, que conta com parceiros internacionais como a Universidade da Corunha e a Universidade Rovira, Virgili.

Os resultados finais desta intervenção deverão ser conhecidos daqui a cerca de um ano.
Estamos a falar de uma intervenção que está a decorrer num edifício privado, e todos os custos estão a ser suportados pelo seu proprietário.

Fernanda Puga Magalhães adiantou ainda que os vestígios serão musealizados, sendo que “no projecto de arquitectura existem pelo menos 4 zonas e ruínas que poderão ser visitadas pela população”.

Presente na sessão esteve o presidente da câmara de Braga, que destacou o “empenho do proprietário em contribuir para a valorização deste legado. Braga fica feliz por ver o seu passado a ser mais uma vez enriquecido com vestígios que vão poder ser visitados numa lógica de musealização. Esta é mais uma peça num puzzle muito alargado e cada vez mais extenso”.