Os Festivais Gil Vicente, em Guimarães, começam na quinta-feira, com o espetáculo ‘Cosmos’, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, dando início a 10 dias em que vão apresentar várias perspetivas sobre o teatro, incluindo conversas e debates.
A programação inclui duas estreias absolutas: ‘Um quarto só para si’, pelos silentparty, e ‘Noite de verão’, de Luís Mestre.
‘Um quarto só para si’ está em cena a 09 de junho, no pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor, enquanto “Noite de verão” pode ser visto, no dia seguinte, na Black Box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG).
O espetáculo ‘Cosmos’, das criadoras Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, é outra das propostas desta edição dos festivais, onde poderão também ser vistos trabalhos resultantes de trabalho em rede, como ‘As três irmãs’, de Tita Maravilha.
A decorrer no Centro Cultural Vila Flor e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, o certame conta ainda com várias conversas e debates, que irão aproximar público e artistas, em torno da reflexão sobre temas, como arte e teatro.
‘Cosmos’, que abre na quinta-feira a 35.ª edição dos Festivais Gil Vicente, resgata a mitologia africana e seu cruzamento com mitos europeus, para se projetar num horizonte afrofuturista, uma aventura mais ficcionada que dá continuidade a ‘Aurora Negra’.
“‘Cosmos’ é a segunda parte de uma trilogia que começou com a ‘Aurora Negra’, um espetáculo que se focava na nossa biografia e vivencias enquanto ‘corpas’, mulheres negras, entre Portugal e os nossos países de origem – que no caso são Angola [Nádia], Cabo Verde [Cleo] e Portugal [Isabél] — nas vivências das nossas mães, na história das nossas mães e dessa nossa biografia”, explicou à agência Lusa Nádia Iracema aquando da estreia, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, no ano passado
Na sexta-feira, Tita Maravilha apresenta ‘As Três Irmãs’, projeto com o qual venceu a 5.ª edição da bolsa Amélia Rey Colaço e que combina a estrutura literária de um clássico, com as ideias de vanguarda da contemporaneidade.
Um dia depois, a Plataforma285 apresenta, na Black Box do CIAJG, ‘all you can eat’, um espetáculo transdisciplinar que cruza teatro, performance, instalação, dança e concerto ao vivo e “que busca reclamar o direito ao ócio, enquanto se descobre cada vez mais preso, cada vez mais produtivo, cada vez mais rentabilizado”.
A 08 de junho começam as apresentações que cruzam “territórios de pesquisa e de autobiografia”, como indicou a organização em comunicado, entre as quais ‘Solo’, com que Teresa Coutinho “tenta aferir de que forma o teatro e o cinema contribuíram para a construção de uma ideia de Mulher que a moldou ou que quis repudiar”.
A 09 de junho, haverá a estreia absoluta de ‘Um quarto só para si’, do coletivo silentparty. Trata-se de uma criação em que o teatro “também abraçará exercícios experimentais e poéticos que propõem um olhar influenciado pela arquitetura do lugar, acreditando que experimentar diferentes modelos de construção – de espetáculos e de edifícios – é um exercício de imaginação de sociedades possíveis”.
A 10 de junho, no fecho da edição, Guimarães recebe ‘Noite de verão’, de Luís Mestre.
As habituais atividades paralelas do evento, promovidas nesta edição pelo Teatro Oficina e pelo seu diretor artístico convidado, Mickaël de Oliveira, estarão também presentes no encontro.
Três conversas após os espetáculos ‘As Três Irmãs’, ‘Um quarto só para si’ e ‘Noite de verão’, a 02, 09 e 10 de junho, respetivamente, constam do programa, bem como dois painéis de debate sobre a questão do gesto artístico, nas tardes de 03 e 10 de junho.
Na edição de 2023, o diretor artístico dos Festivais Gil Vicente, Rui Torrinha, propõe “fazer estremecer as fundações do tempo e do espaço”, lembrando que “o teatro, arte política por natureza, no seu discurso e ação, tenta encontrar ideias e dispositivos para desencadear relações com a problemática social atual.”