A Confraria de Nossa Senhora da Agonia vai presidir, este ano, à comissão de honra da romaria de Viana do Castelo anunciou hoje o presidente da câmara por considerar que a entidade garante a “identidade, e longevidade” das festas.

“Este ano decidi delegar a presidência da comissão de honra das festas à Confraria de Nossa Senhora da Agonia. É a primeira vez que uma entidade preside à comissão de honra, mas considero que faz todo o sentido por se tratar de um conjunto de pessoas anónimas merecedor de destaque, porque tem trabalhado muito para a grandiosidade das festas”, afirmou Luís Nobre.

O autarca socialista, que anunciava a decisão ao executivo municipal, no período antes da ordem do dia da reunião camarária, sublinhou que a Confraria de Nossa Senhora d’Agonia “tem papel fundamental” na componente religiosa da romaria, bem como “na preservação do Santuário de Nossa Senhora d’Agonia”.

Em comunicado enviado às redações, a autarquia acrescentou que a Confraria de Nossa Senhora da Agonia “é, nos termos dos seus estatutos, uma associação pública de fiéis canonicamente ereta, com personalidade jurídica pública na igreja”.

Os “seus membros têm a designação de irmãos e a associação tinha, nos seus primeiros Estatutos, a denominação de Irmandade de Nossa Senhora da Agonia”.

Em maio de 1890, “foi conferido à Irmandade de Nossa Senhora d’Agonia o título de “REAL por sua Majestade El Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia – Juízes perpétuos desta Irmandade”.

A Confraria tem o fim principal de promover o culto e a devoção a Nossa Senhora, particularmente sob a invocação de Nossa Senhora da Agonia.

Luís Nobre destacou que, “em 2023, celebram-se 200 anos do surgimento da romaria, conforme atesta Francisco Sampaio no Pedido de Declaração de Interesse Turístico da Romaria d’Agonia”.

O autarca adiantou que se “cumprem também 240 anos (1783) do início da realização de missa ao dia 20 de agosto, a sagrada Confraria dos Ritos concedeu faculdade e licença para todos os anos se celebrar (…), ano dia 20 de agosto, uma missa solene”.

Também este ano se cumprem os 130 anos (1893/2023) que foram incorporados os “Zabumbas e Zés-Pereiras” (cabeçudos e gigantes) na festividade.

Relativamente à igreja de Nossa Senhora d’Agonia, “assinalam-se 150 anos sobre a ampliação da elegante frontraria do templo da autoria de André Soares, e do dobramento de altar”.

A presidência da comissão de honra da Romaria da Agonia é uma função que, por inerência, cabe ao presidente da Câmara de Viana do Castelo, mas que há mais de duas décadas é delegada em figuras “que contribuem para a promoção do concelho e das festas”, como aconteceu com a fadista Amália Rodrigues, o antigo embaixador Francisco Seixas da Costa, a artista plástica Joana Vasconcelos, entre muitos outros.

As origens da Romaria d’Agonia remontam a uma via-sacra referenciada em documentos do século XV. Nesse local foi construída, em 1674, a Capela do Bom Jesus do Santo Sepulcro. A devoção surgiu em 1751, quando a imagem da santa entrou na capela, o que fez aumentar de forma considerável o número de promessas e ofertas, mantendo-se até aos dias de hoje como padroeira dos pescadores.

A igreja dedicada à santa começou a ser construída em 1774 e, nove anos mais tarde, a Sagrada Congregação dos Ritos concedeu licença para que todos os anos pudesse ser celebrada naquele local, a 20 de agosto, uma missa solene, dia que, ainda hoje, é feriado municipal.

Nos moldes próximos dos atuais, a festa surgiu em 1823 e o primeiro desfile do traje surgiu em 1906.

Dois anos depois o programa incluiu, pela primeira vez, a parada agrícola, antecessora do atual cortejo histórico-etnográfico.

Em 1968 realizou-se a primeira Procissão ao Mar, outro dos números mais emblemáticos, com dezenas e dezenas de embarcações de pesca a levarem a imagem da padroeira ao mar e ao rio. Também a Feira Franca da festa é bem antiga, contando já com mais de 250 anos de existência.