A Polícia de Segurança Pública confirmou que foi chamada ao local, no Cais do Sodré, devido a uma situação de violência. As autoridades remeteram um esclarecimento para mais tarde. Também o espaço noturno em questão, Titanic Sur Mer, confirma a situação, que terá envolvido os seus seguranças.
Um casal homossexual brasileiro denunciou um episódio de agressões que ocorreram no exterior da discoteca Titanic Sur Mer, em Lisboa, há mais de uma semana, na madrugada de 22 de maio.
A situação foi revelada pela imprensa na segunda-feira, quando, em declarações ao g1, Jefferso Teotónio e Luís Almeida falaram sobre a situação, estando convictos de que foi motivada por preconceito.
“Quando viemos para cá achávamos que íamos desfrutar de segurança e respeito. Tudo isso foi muito traumático. Quem era para nos proteger não estava fazendo o serviço deles”, apontou Jefferson, de 29 anos, acrescentando que tudo o que se passou nessa madrugada fez com que a dupla se sentisse “insegura” e que deixasse mesmo a cidade. “Saímos de lá pois são visíveis as marcas de agressões que nós sofremos”, reforçou.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou, esta terça-feira, que foram chamadas ao local nessa madrugada, por volta das 4h, devido a uma situação de violência. A mesma fonte remeteu esclarecimentos adicionais sobre a situação para mais tarde.
Jefferson garante que as agressões foram motivadas por “homofobia, xenofobia ou preconceito”. “Do mesmo jeito que existem pessoas boas, existem pessoas covardes. Eles tentaram me assassinar, não foi apenas um espaçamento”, garantiu.
Mas, afinal, o que se passou?
Às publicações brasileiras, Jefferson Teotónio contou que tudo começou “após o namorado ter tentado voltar a entrar na discoteca para ir à casa de banho, já quando o estabelecimento estava a ser encerrado”.
“Estávamos todos lá, na hora da saída, voltei ao bar para usar o banheiro. O meu companheiro, que já estava do lado de fora, foi à minha procura, mas foi impedido de entrar”, contou Jefferson, acrescentando que, nesse momento, o namorado “começou a ser empurrado por três seguranças”, tendo posteriormente sido esmurrado na face.
Perante a situação, Jefferson e uma prima tentaram socorrer Luís, acabando por ser agredidos, de acordo com o que denunciam.
Após a cena de violência, Jefferson assume que, “revoltado com as agressões”, atirou uma pedra em direção à discoteca, o que resultou num vidro partido.
As agressões não terão ficado por aqui, já que depois de atirar a pedra, a situação ter-se-á intensificado, na medida em que “o foco” das agressões passou a ser Jefferson. “Começou então uma cena de horror, na qual eu fui afogado no Rio Tejo, torturado e agredido. A todo momento eles gritavam que me iam matar. Só pararam quando a polícia chegou”, recordou, denunciado também que as autoridades portuguesas “agiram com muita grosseria e rispidez”. Aos dois, terá sido pedida uma prova de legalidade no país.
Jefferson, que mostrou fotografias de como ficou após a situação, foi transferido nessa madrugada para o hospital, onde teve de ser submetido a uma cirurgia. Ao g1, conta que sofreu “várias lesões e hematomas” e fraturou o nariz.
E o que tem a discoteca a dizer?
Poucas horas depois de o caso ser conhecido, a discoteca em causa confirmou a ocorrência de “cenas de violência física no espaço” nesse dia, “que acabaram com o apedrejamento e consequente destruição das portas de vidro da esplanada”, indicam, colocando ênfase na destruição de propriedade.
O Titanic Sur Mer garantiu que fará “o seu papel para apurar os responsáveis”, notando, nomeadamente, que tem as gravações “das câmaras dentro do espaço e da zona da esplanada” onde ocorreram as agressões e que já comunicou o incidente às autoridades.
O espaço noturna considera, no entanto, que a ocorrência é “de extrema gravidade”, afirmando-se também como um “espaço de celebração, festa, unidade e pluralidade”, que ao longo dos “vários anos da sua atividade sempre promoveu a diversidade e a tolerância que a música e outras atividades artísticas, no seu melhor, permitem e enaltecem”.