A rede social chinesa TikTok está a ganhar terreno entre as audiências mais jovens, à medida que o Facebook perde influência, revela o relatório Reuters Digital News Report 2023 (Reuters DNR 2023) hoje divulgado.
O Reuters DNR 2023 é o 12.º segundo relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o 9.º relatório a contar com informação sobre Portugal, em que participam 46 países.
“Com o interesse e a confiança nas notícias a caírem em muitos países, a recessão económica colocou mais pressão sobre os modelos de negócios de notícias”, refere o estudo.
A edição deste ano do Reuters DNR 2023 “fornece evidências de que as audiências de notícias estão a tornar-se mais dependentes das plataformas digitais e sociais, pressionando ainda mais os modelos de negócio baseados em anúncios e assinaturas” de organizações de media “num momento em que os gastos das famílias e das empresas estão sendo espremidos”.
O relatório documenta “como o conteúdo assente em vídeo, distribuído através de redes como TikTok, Instagram e Youtube estão a tornar-se mais importantes para as notícias”, especialmente no sul, enquanto plataformas como o Facebook “estão a perder influência”.
Tanto o interesse como a confiança nas notícias “continuam a cair em muitos países à medida que a conexão entre jornalismo e a grande parte do público continua a se desgastar”, refere o estudo, apontando que “há evidências” que o público continua a evitar seletivamente histórias importantes “como a guerra da Ucrânia e a crise do custo de vista”, na tentativa de reduzir o consumo de notícias que consideram deprimentes e proteger a sua saúde mental.
Estas são algumas das conclusões da 12.ª edição do relatório, que está disponível em www.digitalnewsreport.org/2023.
Segundo o estudo, o Facebook está a tornar-se “muito menos importante como fonte de notícias” e, inerentemente, isso tem uma implicação como motor do tráfego nos ‘sites’ de notícias.
“Apenas 28% dizem ter tido acesso a notícias via Facebook em 2023 em comparação com 42% em 2016”, conclui o estudo, referindo que este “declínio” é explicado, em parte, pela menor relevância da rede social como fonte das notícias e, por outra, pelo papel das redes sociais baseadas em vídeo, como o Youtube e o TikTok, que estão cada vez mais a capturar grande parte da atenção dos utilizadores mais jovens.
Por exemplo, o consumo semanal de notícias no Twitter “permaneceu relativamente estável na maioria dos países após a aquisição [deste] por Elon musk, com o uso alternativo de redes como o Mastodon extremamente baixo”, refere.
Agora, o TikTok “é a rede social que mais cresce no nosso estudo” e é usada por 44% dos jovens na faixa etária entre os 18 e os 24 anos “para qualquer finalidade (20% para notícias)”.
O TikTok, que é propriedade da chinesa ByteDance, “é mais usado em partes da Ásia, América Latina e África”.
Os utilizadores do TikTok, Instagram e Snapchat tendem a prestar “mais atenção” a celebridades e ‘influencers’ [influenciadores das redes sociais] do que a jornalistas ou empresas de media quando se trata de tópicos de notícias.
Isto “marca um forte contraste” com as redes sociais como Facebook e Twitter, onde as empresas de notícias ainda atraem atenção e lideram conversas.
Paralelamente, “as preferências declaradas pelas audiências para visitar diretamente ‘sites’ de notícias continuam em declínio”, aponta.
Entre os 46 mercados em análise no estudo, a proporção daqueles que afirmam que o seu principal ponto de acesso é feito através do ‘site’ de notícias ou uma ‘app’ (aplicação) caiu de “32% em 2018 para 22% em 2023, enquanto a dependência no acesso às redes sociais aumentou”, constata o estudo.
O Reuters Institute Digital News Report 2023 (Global) tem como autores Nic Newman, Richard Fletcher, Kirsten Eddy, Craig T. Robertson e Rasmus Kleis Nielsen.
O OberCom – Observatório da Comunicação, enquanto parceiro estratégico, colaborou com o RISJ na conceção do questionário para o mercado português, bem como na análise e interpretação dos dados.
O tamanho total da amostra é de 93.895 adultos, com cerca de 2.000 por mercado.
O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro deste ano e o inquérito foi realizado ‘online’.
Os 46 mercados são EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa, Polónia, Croácia e Roménia.
Inclui ainda Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México, Nigéria, Quénia e África do Sul.