O sentimento de insegurança ou o receio de ser vítima de crime aumentaram entre os portugueses, revela o Barómetro APAV/Intercampus sobre perceção de criminalidade e insegurança, apesar de quase 90% da população se sentir segura na zona onde reside.
Esta é a terceira edição do Barómetro APAV/Intercampus, depois de 2012 e 2017, cujos resultados, que são apresentados hoje na sede da APAV em Lisboa, dão conta de um agravar do sentimento de insegurança entre os 600 inquiridos, todos com mais de 15 anos, a residir em Portugal Continental.
Genericamente, os portugueses sentem-se seguros na zona onde residem, com 87% dos inquiridos a afirmarem que não consideram a zona onde moram perigosa ou insegura, contra 11% que pensa o oposto.
No entanto, estes 11% representam um aumento de um ponto percentual face ao inquérito anterior, de 2017.
Aumento também entre quem receia ser assaltado ou agredido, com quase um quarto dos inquiridos (24%) a manifestar essa preocupação, contra 22% de 2017. Entre estas pessoas (141), quase metade (47%) manifestou essa preocupação em relação a outras zonas que não onde vive ou trabalha e 62% afirmou ter maior receio durante a noite.
Relativamente ao receio de assaltos, ameaças, agressões, furtos ou danos, os dados do barómetro mostram que mais de um terço (36%) dos inquiridos tem medo que lhe assaltem a casa, enquanto quase metade (49%) dos 570 que afirmaram ter carro disse ter receio de que a viatura seja roubada ou danificada.
Estes dois valores representam um aumento de dois e cinco pontos percentuais, respetivamente, em relação ao inquérito de 2017, em que a única tendência contrária acontece no receio de ser alvo de insultos, ameaças ou agressões dentro da própria casa, que diminuiu de 10% em 2017 para 9% em 2023.
O Barómetro procurou também saber se algum dos inquiridos havia sido assaltado, agredido ou vítima de crime nos 12 meses anteriores, pergunta à qual 94% respondeu negativamente, mas em que os 6% que responderam sim representam um aumento de três pontos percentuais face a 2017.
Aumentou igualmente a percentagem de pessoas que conhece quem tenha sido assaltado, agredido ou vítima de outro crime, que passou de 18% em 2017 para 20% em 2023.
Relativamente às pessoas que disseram ter sido vítimas de crime (36), um terço (12) não apresentou queixa, sobretudo por não achar que fosse importante (4) ou não acreditar que se fizesse justiça (3).
Neste inquérito participaram 600 pessoas, 53% mulheres e 47% homens, divididos em grupos etários dos 15 aos 24 anos (12%), dos 25 aos 44 anos(28%), dos 45 aos 64 anos (33%) e com 65 ou mais anos (27%), oriundos da região Norte (37%), Centro (23%), Lisboa (29%), Alentejo (7%) e Algarve (5%).
A informação foi recolhida através de entrevista telefónica, com base em questionários elaborados pela Intercampus, tendo o trabalho de campo sido realizado entre os dias 18 a 27 de abril.