A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) vai organizar um encontro internacional em Lisboa, o Book 2.0, do qual poderá sair “um livro branco” envolvendo todo o setor, incluindo leitores.

O encontro, cujo programa foi hoje anunciado, vai decorrer a 31 de agosto e a 01 de setembro no Picadeiro Real, em Lisboa, paredes meias com o Palácio de Belém, onde decorrerá nessa altura, em paralelo, a Festa do Livro em Belém, promovida pela Presidência da República.

Durante dois dias, são propostos mais de 20 debates e conversas informais com convidados de várias áreas relacionadas com o livro, a leitura e a Educação, entre os quais o investigador Tim Oates, especialista em Educação, Bart Robers, diretor de audiolivros da empresa Rakuten Kobo, Yasmina Elorduy, da rede social TikTok para Portugal e Espanha, e os escritores Juan Gabriel Vasquez, Tânia Ganho, Jeanine Cummins e Gonçalo M. Tavares.

À agência Lusa, o presidente da APEL, Pedro Sobral, explicou que, a par da realização da Feira do Livro de Lisboa, os editores e livreiros associados sentiam “que era preciso criar um espaço para discutir todas as questões”.

“Precisávamos de ter discussões muito sérias. Quer o setor da Educação, quer o setor do livro enfrenta desafios muito relevantes que precisamos de falar, de discutir e de conhecer”, disse, dando como exemplo as aplicações da Inteligência Artificial, os índices de leitura e a formação dos mais novos.

Nesta primeira edição do Book 2.0, a APEL quis ter “pessoas de variadíssimas áreas, de escritores a leitores, sem grandes estados de alma, com editores, gestores executivos, com ministros”.

Neste encontro também estarão presentes nos ministros da Educação, João Costa, e da Cultura, Pedro Adão e Silva, a comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte, e o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, António Feijó.

No final do encontro, Pedro Sobral quer que saia um compromisso comum, um livro branco para o setor, porque “os editores também precisam de ter compromissos claros, no ambiente, na diversidade, na inclusividade”.

“Se há uma larga maioria de editores mulheres, temos de questionar por que é que a esmagadora maioria das editoras não tem nos seus órgãos de gestão mulheres. Por que é que não estamos preocupados com as questões ambientais? O que é que está a faltar aqui?”, perguntou o presidente da APEL.

Questionado pela Lusa se a APEL não pondera reunir as vertentes de negócio, debate e feira do livro num só evento, Pedro Sobral disse que a associação tem “avaliado muito” a questão dos negócios do setor, mas não há espaço para essa componente profissional, face ao panorama internacional.

“Quando olhamos para a paisagem editorial há uma divisão por blocos linguísticos”, disse Pedro Sobral, referindo-se às feiras de negócios que já existem em torno do mercado da língua inglesa, do mandarim e do castelhano.

“O [mercado] português está completamente fragmentado, porque foi criada uma barreira que é o acordo ortográfico”, disse.

Perante eventos como as feiras de Frankfurt (Alemanha), de Londres ou as bienais do Rio de Janeiro e de São Paulo e a feira de Guadalajara, no México, Pedro Sobral acredita que Portugal se pode aproximar da área de negócios internacional “através da componente das conversas”.

“Se neste primeiro ano vamos ter muito mais editores e livreiros ou pessoas que querem entrar neste mundo, espero que mais para a frente consigamos englobar cada vez mais gente que possa discutir o que vão ser os próximos desafios”, disse.

A programação completa estará disponível em book.apel.pt.