Espanha acabou hoje com todas as medidas extraordinárias que adotou por causa da covid-19, como a obrigatoriedade de máscaras em unidades de saúde ou farmácias que ainda tinha em vigor.
O Conselho de Ministros de Espanha tomou hoje a decisão de decretar “o fim da crise sanitária ocasionada pela covid-19”, o que implica que caem “todas as medidas extraordinárias” que lhe estavam associadas, como a obrigatoriedade de máscaras em determinados locais, afirmou o ministro da Saúde, José Miñones, numa conferência de imprensa.
O ministro destacou que, porém, é “importante manter a cultura de responsabilidade adquirida ao longo destes anos” e que “o uso de máscaras e outras medidas higiénicas devem continuar presentes” no dia-a-dia de pessoas com sintomas de infeção respiratória.
As máscaras continuam ainda a ser recomendadas em contextos de saúde, sobretudo em unidades de cuidados intensivos e outras destinadas a pessoas vulneráveis, em espaços fechados partilhados como salas de espera e por profissionais que cuidem ou atendam pessoas com determinados sintomas e doenças, entre outros casos, afirmou José Miñones, que defendeu ser também uma questão de “senso comum”.
O Conselho de Ministros recomenda ainda o uso de máscaras e a adoção de “precauções adicionais” em lares de idosos ou outros serviços de apoio a pessoas idosas sempre que houver sintomas de infeção respiratória entre profissionais e utentes.
Espanha acabou assim com a situação de crise sanitária por causa da covid-19 mais de três anos após o início da pandemia e dois meses depois de a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado, em 05 de maio, o fim da emergência global para a doença.
A medida tomada hoje por Espanha já foi adotada por outros países europeus, como Portugal.
José Miñones considerou que Espanha conseguiu hoje tomar esta decisão por causa da evolução da própria doença (que está estabilizada e com taxas de internamento inferiores a 1%) e da menor virulência da variante atual do vírus que a causa, mas também pelo alto índice de vacinação completa contra a covid-19 no país, que abrange mais de 93% da população.
“As vacinas salvam vidas”, afirmou o ministro, acrescentando que uma vacinação tão elevada não teria sido possível com “antivacinas na administração”.
Espanha terá eleições legislativas nacionais antecipadas em 23 de julho e a pré-campanha tem estado dominada por acordos do Partido Popular (PP, direita) com o VOX (extrema-direita) para a formação de governos regionais e municipais, na sequência de votações em todo o país no passado dia 28 de maio.
No âmbito desses acordos, o VOX tem indicado pessoas para integrarem governos ou presidirem a parlamentos regionais que são negacionistas das vacinas e das alterações climáticas, ativistas contra o aborto ou que dizem que a violência de género não existe.
Segundo dados da OMS, até 28 de junho, foram registados em todo o mundo mais de 767 milhões de casos de infeção com o vírus da covid-19 e 6,9 milhões de pessoas morreram com a doença.
Em Espanha, há registo de 13,9 milhões de casos e 121.724 mortes por covid-19, segundo a OMS.