Vários polícias e outros agentes das forças de segurança estão hoje, em protesto, nos principais aeroportos do país, para explicar aos turistas que “Portugal é um país seguro” graças “à carolice dos profissionais e não aos esforços dos governantes”.
No Porto, no Aeroporto Sá Carneiro, um grupo de cerca de uma dezena de profissionais começou cerca das 11:00 a distribuir panfletos com textos em seis línguas: português, espanhol, francês, inglês, alemão e italiano.
Nas “gordas” lê-se: “Vamos continuar a lutar pela nossa dignidade”. Já na capa do folheto, junto a uma imagem de um equipamento com as cores portuguesas, lê-se “O amor à camisola tem um preço”.
“Os portugueses já sabem as dificuldades das polícias e já estão, infelizmente, habituados a ver-nos em vários protestos, mas os estrangeiros que escolhem o nosso país – porque Portugal é efetivamente um país seguro – ficam assim a saber o que passamos”, explicou à agência Lusa, o secretário-geral da Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP), César Nogueira.
O responsável sintetiza o panfleto e as explicações que vão sendo dadas aos turistas com a frase: “Portugal é um destino seguro não pelo que os governantes nos fornecem, mas sim pelo esforço, carolice e sobrecarga de horários que todos os dias fazemos para mantermos os níveis de segurança”.
Organizado por esta plataforma que junta profissionais da GNR, PSP, Polícia Marítima, SEF, ASAE e Guarda Prisional, este protesto estende-se por três dias e estão marcadas ações para os aeroportos do Porto, Lisboa, Faro, bem como na Gare do Oriente e no Porto Marítimo de Lisboa.
Para dia 02 de agosto está prevista uma concentração junto à residência oficial do Presidente da República.
“Estes protestos servem para que os turistas que vêm ao nosso país e as pessoas que vêm à Jornada Mundial da Juventude fiquem a conhecer o porquê de reivindicarmos. O Governo não tem ouvido os profissionais”, criticou César Nogueira.
Em cima da mesa das negociações estão questões ligadas à atualização e revisão do estatuto remuneratório e dos subsistemas de saúde.
“Estamos a descontar 14 meses, quando só usufruímos de 12 e a taxa de 3,5% é, a nosso entender, uma percentagem muito elevada. No Porto e em Lisboa os colegas até estão servidos, mas o resto do país tem poucas convenções”, referiu César Nogueira.
Quanto ao estatuto remuneratório, estes profissionais queixam-se deste não ser revisto desde 2009, o que faz com que superiores hierárquicos ganhem menos do que os seus inferiores hierárquicos.
“Isto em instituições hierarquizadas como as nossas não pode acontecer”, frisou.
O facto dos pequenos aumentos que têm vindo a ser concedidos “não acompanharem o aumento do custo de vida” porque, queixam-se estes profissionais, “o vencimento é praticamente o mesmo, mas as coisas custam o dobro” é outras das preocupações.
Com o lema “Somos Polícias. Somos Cidadãos”, no folheto lê-se também que as forças de segurança portuguesas estão “fartas de ser ignoradas pelo Governo”.
“Estamos cansados de esperar!”, sintetizou César Nogueira, queixando-se das reuniões “inconclusivas” que a comissão já teve com o ministério da Administração Interna.
A CCP inclui a APG/GNR, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), a Associação Socioprofissional da Polícia Marítima (ASPPM), o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) e a Associação Sindical dos Funcionários da ASAE (ASF-ASAE).