1600,5 quilómetros, 125 ciclistas, 18 equipas, 10 etapas e a camisola amarela entregue num santuário.
A 84.ª edição da Volta a Portugal arranca das rotundas de Viseu (prólogo), no Centro de Portugal, e termina numa cronoescalada no empedrado do Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, Alto Minho. Regressa a Sines e ao Algarve, viaja pelo Médio Tejo e sobe à Torre e à Senhora da Graça. Um ano depois do escândalo do doping ensombrar a Portuguesa, nas 18 equipas há orçamentos anuais de 700 mil euros (Glassdrive Q8 Anicolor) e quem gaste 20 mil (Kelly Simoldes UDO) na Volta. As bonificações podem trazer surpresas na classificação final. Maurício Moreira é o ciclista a destronar numa prova diferente de outras e onde há, à escala, duelos Pogacar vs Vingegaard.
84.ª edição da Volta a Portugal Continente. 125 ciclistas divididos por 18 equipas, 9 delas portuguesas, perfilham-se, hoje, no centro de Portugal, em Viseu, para o arranque da mais amada e importante competição velocipédica do calendário nacional.
Partem para a estrada num prólogo (3,6 quilómetros) que “dará a volta” a 8 rotundas, uma marca de água da cidade de Viriato. O espanhol Guilhermo Garcia (Rádio Popular-Paredes-Boavista) é primeiro ciclista a pisar a Avenida Europa (15h21). Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor) será o último, às 17h25. O colega de equipa e vencedor da Volta do ano passado uruguaio, Maurício Moreira, desliza 23 minutos antes (17h07).
São 10 dias e 1600,5 km de andamento do pelotão, um dia de descanso na cidade mais alta do país, Guarda, a 16 de agosto e o final, inédito, no Monte de Santa Luzia, a 20 de agosto, numa cronescalada a terminar em quase uma mão cheia de quilómetros de um “tapete” de piso empedrado que consagrará o último corredor de amarelo num Santuário com vista de rio e de mar.
Pelo meio, entre partidas e chegadas, assinala-se a estreia de Mação e o regresso de Ourém (1964), concelhos integrados na sub-região do médio Tejo que faz o pleno na prova (13 concelhos saem à rua para ver o pelotão passar).
E, por falar em regressos, regista-se a passagem, após longa ausência, por Sines (1981), paragem de estreia na 1.ª edição da Volta a Portugal, Anadia (1982), Estremoz (1987), Abrantes (1997), Loulé (2003), ao terceiro dia de prova e que assinala o regresso “a pedido” cinco anos depois do pelotão da “Volta” ao Algarve, e Penamacor (2005). O “Sterrato” em Fafe volta a figurar no percurso da prova que leva o povo a sair à rua.
Como pontos de cisão entre fracos e fortes, humanos e super-corredores, as etapas da Torre (Serra da Estrela, 5.ª etapa), Serra do Larouco (Montalegre, 7.ª) e Senhora da Graça (Mondim de Bastos, 9.ª) prometem ter uma palavra sobre quem terminará de amarelo a 20 de agosto, numa cidade de Viana do Castelo a viver a festas da Nossa Senhora da Agonia.
Quem destrona Maurício Moreira e a Glassdrive?
Após a nuvem negra do doping ter ensombrado da prova do povo, o passaporte biológico imposto pela Federação de Ciclismo de Portugal (FPC) promete devolver a credibilidade ao ciclismo nacional em geral, e à “Portuguesa”, em particular.
Baixou-se o pano do reinado da W52 FC Porto (equipa suspensa das provas de ciclismo) e subiu ao palco, no ano passado, a Glassdrive-Q8-Anicolor, ao ocupar os três primeiros lugares do pódio da última Volta a Portugal e a vencedora por equipas. O uruguaio Maurício Moreira, 28 anos, vencedor no ano passado, é, tal como o resto do pelotão de Águeda, o alvo a abater.
“A Volta a Portugal é o ponto alto da nossa época, é a corrida mais importante do nosso calendário e como é óbvio todas as equipas querem estar em evidência. Nós não somos exceção, queremos fazer o nosso melhor e iremos trabalhar para terminar a corrida com um grande resultado e dignificar os nossos patrocinadores e os nossos parceiros”, afirmou Rúben Pereira, diretor desportivo da Glassdrive / Q8 / Anicolor, citado num comunicado.
Uma meta traçada para a qual contribuiu “um orçamento anual de 700 mil euros” conforme sublinhado ao SAPO 24 pelo gabinete de comunicação. Mais meio milhão de euros que a jovem formação da Kelly / Simoldes / UDO, projeto sediado em Oliveira de Azeméis. “O Orçamento para gastos na Volta, ronda os 20 mil euros, enquanto o orçamento anual é de 200 mil”, disse Luís Pinheiro, um dos responsáveis da equipa.