Os hospitais de Braga e Viana do Castelo estão a ser fortemente afetados pela greve dos médicos, que teve início hoje e se prolonga até quarta-feira, com uma adesão aproximada de 70%, resultando no cancelamento de cirurgias e consultas em várias regiões do país.

“O panorama geral é de mais ou menos 70% [até às 12:00 de hoje]. Há sítios com mais adesão e sítios com menos, mas ainda nos faltam alguns dados (…). É uma adesão bastante forte, o que é significativo tendo em conta a revolta que os médicos sentem”, afirmou Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), à agência Lusa.

Em Viana do Castelo, o bloco central do hospital “parou a 100% e só funcionou para cirurgias urgentes”. No Hospital de Braga, nove das 11 salas foram fechadas, correspondendo a 82% de adesão à greve neste departamento.

A agência Lusa contactou o Ministério da Saúde, tutelado por Ana Paula Martins, que, para já, não quis reagir.

Serviços mínimos cumpridos

A FNAM iniciou hoje uma greve geral de dois dias, bem como uma paralisação ao trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários até 31 de agosto, acusando a tutela de “intransigência e inflexibilidade”.

Joana Bordalo e Sá garantiu que os serviços mínimos estão a ser cumpridos e que ainda aguardam dados do Algarve, Ilhas, Alentejo, Vila Real, entre outras regiões, voltando a acusar o Ministério da Saúde de ser o responsável pela greve.

“Não queremos entrar na guerra dos números. O que é realmente importante e aquilo que o Ministério da Saúde devia refletir é que cada consulta ou cirurgia adiada causa um transtorno na vida dos doentes. O responsável é o Ministério da Saúde que nada faz para garantir mais médicos no SNS”, destacou a presidente da FNAM.

Na região Centro, a adesão ronda os 80% nos cuidados de saúde primários, enquanto nos Hospitais Universitários de Coimbra, a Neuropediatria e a Anestesia fecharam a 100%. No Hospital dos Covões, em Coimbra, a Medicina Interna regista uma adesão de cerca de 90%.

A Norte, o bloco operatório do Hospital Padre Américo, em Penafiel, “só tem uma sala a funcionar”, segundo a dirigente sindical. No Hospital de São João, no Porto, “o bloco central parou a 100% de manhã, o bloco de neurocirurgia parou em 75% e a obstetrícia em 66%”. No IPO do Porto “só se estão a realizar cirurgias classificadas como urgentes”. No Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, a adesão no serviço de Medicina Interna é de 50%.