Lenda do ténis espanhol reflete sobre lesões, conquistas e o privilégio de ter transformado o desporto num legado único.
Rafael Nadal, um dos maiores nomes da história do ténis, despediu-se oficialmente dos courts após a eliminação de Espanha nos quartos de final da Taça Davis 2024, frente aos Países Baixos. Aos 38 anos, o vencedor de 22 títulos do Grand Slam e ex-número 1 do mundo anunciou que o seu corpo já não lhe permite continuar a competir ao mais alto nível, encerrando assim uma carreira marcada por glórias e resiliência perante desafios físicos.
Com microfone na mão e na companhia dos seus colegas de equipa, como Carlos Alcaraz, Roberto Bautista e Marcel Granollers, Nadal agradeceu emocionado pelo percurso extraordinário que viveu no desporto. “A realidade é que nunca se quer chegar a este momento. Não estou cansado de jogar ténis, apenas o corpo chegou a um ponto em que já não quer jogar ténis. Sinto-me privilegiado, fiz de um passatempo a minha carreira e durante mais tempo do que alguma vez imaginei”, afirmou.
Uma Despedida Planeada
Nadal revelou que esta decisão foi pensada ao longo do último ano, após várias tentativas de recuperação de uma lesão grave na anca que o afastou dos courts. “Disse há um ano que não queria retirar-me numa sala de imprensa. Fiz um esforço enorme, mas aceitei que esta é a realidade. Não há drama. A minha despedida será o que será, sem finais perfeitos como nos filmes de Hollywood”, refletiu.
Apesar de ser o centro das atenções, Nadal sublinhou que estava focado na competição e em ajudar a sua equipa a vencer a Taça Davis. “Estou aqui para competir, não para me despedir. O que quero é que a equipa seja competitiva e que possamos ganhar. Se isso acontecer, essa será a minha verdadeira despedida”, disse, mostrando a sua habitual determinação.
Um Legado de Superação e Conquistas
Durante a conferência de imprensa, Nadal refletiu sobre os desafios enfrentados ao longo da carreira, especialmente as múltiplas lesões que o obrigaram a várias pausas. “Se tivesse de explicar a luta que fiz com o meu corpo, levaria mais de cinco minutos. Foram anos a superar obstáculos. A última lesão obrigou-me a uma cirurgia na anca, onde perdi parte do iliopsoas [músculo essencial para o movimento]. Isso tornou impossível competir como antes”, explicou.
O tenista reconheceu que a sua ligação ao desporto será diferente daqui para a frente, mas garantiu que continuará a viver o ténis de outra forma. “Não estou farto de ténis, como aconteceu com outras pessoas. Se pudesse, continuaria a jogar. Mas a vida segue, e agora vou desfrutar do desporto de outra perspetiva”, afirmou, mantendo a serenidade.
Um Adeus Sem Dramas
Com 92 títulos no currículo, incluindo dois ouros olímpicos e quatro Taças Davis, Rafael Nadal deixa um legado inigualável no mundo do ténis. Durante a despedida, frisou que o desporto foi a sua vida desde os sete anos e que, apesar das adversidades, sempre procurou dar o máximo.
“Cheguei até aqui porque o meu corpo já não me permite competir com normalidade. É algo lógico para alguém que começou tão jovem e se dedicou tanto tempo. Aceito isso com tranquilidade”, concluiu.
A despedida de Rafael Nadal marca o fim de uma era no ténis mundial, mas o seu impacto no desporto e o exemplo de profissionalismo e superação perdurarão por gerações.
Veja as imagens da emocionante despedida de Rafa Nadal: