O Partido Comunista Português (PCP), através da Organização Regional de Braga, manifestou forte oposição à decisão do Governo de avançar com o processo de Parceria Público-Privada (PPP) no Hospital de Braga, considerando tratar-se de uma “decisão em cima do joelho”, sobretudo tendo em conta a iminente queda do executivo.

Em declarações à Rádio Universitária do Minho (RUM), João Baptista, dirigente regional do PCP e deputado na Assembleia Municipal de Braga, criticou o que considera ser uma medida precipitada e injustificada:

“O executivo não pode fazer um torniquete no investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e depois alegar que, para resolver os problemas, precisa de recorrer a parcerias público-privadas. Os problemas do SNS estão identificados, falta é vontade política e investimento adequado.”

João Baptista alerta ainda para o facto de se tratar de um Governo em fim de funções:

“É um Governo que está a poucas horas de ser demitido, o que nos traz preocupação acrescida. Trata-se de uma decisão em cima do joelho. Vêm à pressa com esta proposta de fazer cinco novas PPP em grandes hospitais centrais, sendo o caso de Braga particularmente preocupante.”

O dirigente comunista destaca também o “desempenho exemplar” da gestão pública do Hospital de Braga desde o fim da anterior PPP:

“A unidade hospitalar tem batido recordes, seja em número de cirurgias ou consultas. A gestão pública tem dado provas da sua competência.”

Além das declarações públicas, o PCP de Braga emitiu também um comunicado, classificando a decisão governamental de “inaceitável”, por “lesar os direitos da população ao acesso aos cuidados de saúde” e por “ameaçar os direitos e condições de trabalho dos profissionais”.

O partido lembra ainda que a medida é “ainda mais ilegítima” por ser tomada por um Governo “derrotado” e “a poucas horas de ser demitido”, questionando a legitimidade democrática da decisão.

A questão promete marcar o debate político local e nacional, com o regresso do modelo PPP ao Hospital de Braga a suscitar amplas críticas e receios, especialmente por parte de quem defende o reforço do investimento direto no SNS.