António Lima e Alexandra Vieira acusam executivo de governar “contra as pessoas” e lançam críticas à política urbanística, mobilidade e habitação no concelho.

O Bloco de Esquerda apresentou esta quarta-feira, de forma simbólica e em plena rua, as suas candidaturas à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal de Braga para as eleições autárquicas de 12 de outubro. O local escolhido para o anúncio foi junto ao terreno onde está a ser construído o ginásio Supera, na Rua Luís Soares Barbosa — zona marcada pela polémica urbanística ao longo do presente mandato.

António Lima, cabeça-de-lista à Câmara Municipal, destacou que o mote da candidatura é “fazer cidade com e para as pessoas” e criticou duramente o atual executivo, liderado pela coligação Juntos por Braga. O candidato acusou a autarquia de adotar uma política que “é forte com os fracos e fraca com os fortes”, apontando o caso do edifício Supera como exemplo de uma decisão contrária ao interesse da população e ao espaço verde que outrora ali existia.

Lima comparou este caso ao das Sete Fontes, onde, segundo o candidato, o projeto “não avança porque está em causa gente com poder”, enquanto que outras intervenções, como a Cidade Desportiva do SC Braga no Parque Norte, “avançaram rapidamente por envolverem interesses económicos e financeiros”. Para o bloquista, trata-se de “uma política duvidosa” que privilegia determinados grupos em detrimento do bem-estar da maioria.

No campo da mobilidade, o BE propõe um novo modelo de cidade, com qualidade de vida e transportes públicos mais adequados ao contexto urbano. António Lima criticou o que considera ser uma política de ocupação desordenada: “Em qualquer espaço que surja, há um monstro para colocar lá. Em vez de termos uma cidade agradável, temos um labirinto irrespirável.”

Relativamente à habitação, o candidato alertou para o agravamento da crise no concelho, com a lista de espera da Bragahabit em crescimento e sem solução à vista. Sublinhou ainda que muitas pessoas, sobretudo imigrantes, nem sequer entram nos registos oficiais, vivendo em condições precárias.

Sobre o plano de mobilidade urbana e o projeto BRT (Bus Rapid Transit), Lima mostrou-se cético quanto à sua concretização, afirmando que “não vai ser feito” e que os autocarros “devem adaptar-se à cidade e não o contrário”. Defendeu a utilização de veículos mais pequenos, sobretudo no centro histórico, para responder melhor às necessidades locais.

O projeto recentemente anunciado para o Campo da Vinha também mereceu críticas, com o candidato a classificá-lo como “aberração” e “um desperdício de dinheiro”, uma vez que, segundo o BE, “não resolve o problema dos mamarrachos existentes”.

Já Alexandra Vieira, antiga deputada e agora candidata à Assembleia Municipal, reforçou o compromisso do partido em continuar a ser “a voz das pessoas” naquele órgão. “O Bloco tem levado os problemas da cidade à Assembleia Municipal, como é o caso do Supera, mas tem sido ignorado. Isso é construir cidade contra as pessoas”, afirmou, garantindo que continuará a lutar por uma cidade mais justa, participativa e humana.

A candidatura do Bloco de Esquerda em Braga pretende, assim, afirmar-se como alternativa às políticas atuais, apostando numa visão centrada nas pessoas e no direito à cidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here