Ricardo Portal, ex-comandante do Destacamento de Fafe, é suspeito de integrar rede internacional de tráfico de droga; operação envolveu DEA, CBP e PJ
O capitão Ricardo Jorge Fernandes Sousa Portal, de 34 anos, antigo comandante do Destacamento Territorial da GNR de Fafe, foi detido pela Polícia Judiciária na freguesia de Golães, concelho de Fafe, por suspeita de envolvimento numa rede internacional de tráfico de cocaína. A operação, batizada de “Special Skin”, resultou na apreensão de uma tonelada e meia de cocaína de elevada pureza, dissimulada entre peles de animais importadas da América Latina.
A detenção ocorreu na terça-feira, 5 de agosto, e apanhou de surpresa os altos comandos da GNR de Braga, unidade à qual o oficial pertencia e à qual poderia regressar, uma vez que se encontrava em licença sem vencimento de longa duração. A surpresa foi ainda maior pelo facto de Ricardo Portal se ter distinguido, em 2023, no combate ao tráfico de droga, liderando uma operação que desmantelou uma rede criminosa sediada em Fafe.
A investigação, iniciada em julho pela Diretoria do Norte da PJ, contou com a colaboração da Autoridade Tributária e Aduaneira (ATA), bem como das agências norte-americanas DEA (Drug Enforcement Administration) e CBP (Customs and Border Protection). A PJ seguiu de perto a atividade de uma empresa comercial ligada ao capitão Portal, responsável pela importação de três contentores de peles provenientes da América Latina, descarregados no Porto de Leixões, em Matosinhos.
A fiscalização conjunta permitiu identificar grandes quantidades de cocaína escondidas entre as peles, revelando um esquema sofisticado de tráfico internacional. Além de Ricardo Portal, foi também detido um empresário de 42 anos, igualmente envolvido na operação.
O capitão passou a noite no Comando Territorial da GNR do Porto e será presente esta quinta-feira ao juiz de instrução criminal do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Norte, no Porto.
A detenção de um oficial com acesso a informação classificada e histórico de combate ao narcotráfico lança uma sombra sobre a instituição e levanta sérias questões sobre segurança interna e integridade nas forças de autoridade.