Não és de ninguém, mas os Delfins são de todos

No Forum Braga, os rapazes de Cascais mostraram “U Outro Lado” da banda num concerto intimista, recheado de histórias, surpresas e canções que raramente saem do baú

Na noite em que Braga recebeu os Delfins, ficou claro que, passados 40 anos, a banda de Cascais continua a saber reinventar a relação com o seu público. Longe do alinhamento previsível dos grandes êxitos, o concerto no Forum Braga marcou o arranque da digressão “U Outro Lado”, um projeto pensado para dar palco às canções menos conhecidas do vasto repertório do grupo.

À frente do palco, um pano do clube de fãs dos Delfins, estrategicamente colocado, dava desde logo o tom de proximidade. Na plateia, muitos seguidores de longa data, gente que se lembra bem do momento em que a banda surgiu no radar da música portuguesa, há quatro décadas. Um público cúmplice, atento e disponível para ouvir histórias e revisitar memórias.

Sentados sob as luzes, em torno de cadeiras e instrumentos, os seis elementos da banda — reforçados por João Alves, guitarrista convidado — criaram um ambiente intimista, quase de conversa entre amigos. Mais do que um concerto tradicional, o que se viveu no Forum Braga foi uma partilha: de canções, de episódios improváveis, de histórias hilariantes e de curiosidades que muitos fãs desconheciam.

Canções fora do óbvio
A promessa foi cumprida. Nesta noite, os Delfins não tocaram apenas “aquelas” que toda a gente sabe cantar de cor. Embora temas como Sou Como Um Rio ou 1 Lugar Ao Sol façam parte do ADN da banda, o foco esteve noutros lados do seu percurso, em músicas que ganharam nova vida ao serem apresentadas com enquadramento, contexto e emoção.

Uma banda em plena forma
Quatro décadas depois, os Delfins mostram-se coesos, confortáveis e conscientes do legado que construíram, mas sem qualquer peso nostálgico excessivo. Há maturidade, ironia, humor e, sobretudo, uma enorme vontade de continuar a contar histórias — com música pelo meio.

Um encontro entre passado e presente
O concerto em Braga foi, acima de tudo, um encontro entre gerações: entre quem cresceu com a banda e quem a foi descobrindo ao longo dos anos. Num registo mais próximo e menos espetacularizado, os Delfins provaram que não pertencem a ninguém em particular — pertencem a todos os que, ao longo do tempo, fizeram das suas canções parte da própria vida.

E se esta foi apenas a primeira noite da digressão “U Outro Lado”, ficou desde já a certeza de que há muito mais para ouvir, contar e celebrar. Quarenta anos depois, os rapazes de Cascais continuam a ter muito para dizer — mesmo quando decidem não tocar só “aquelas”

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here