Cerca de uma centena de pessoas em situação de sem-abrigo participou, esta terça-feira, no tradicional almoço de Natal promovido pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) – Delegação de Braga. A iniciativa decorreu no Centro de Alojamento Temporário (CAT) e reuniu utentes das várias respostas de emergência social da instituição, num ambiente marcado pela partilha, proximidade e esperança num futuro melhor.
Além das cerca de 100 pessoas presentes à mesa, a CVP procedeu ainda à distribuição de aproximadamente 150 refeições ao domicílio, garantindo que o espírito natalício chegasse também a quem não pôde deslocar-se ao CAT.
O presidente da delegação de Braga da Cruz Vermelha, Júlio Faceira Guedes, sublinhou o caráter simbólico da iniciativa, destacando que reflete o trabalho diário desenvolvido pela instituição. “Queremos marcar o percurso de vida destas pessoas e que este momento seja um alerta para a sociedade reconhecer o drama que muitos vivem e contribuir para o minimizar”, afirmou, confessando o desejo de que, um dia, este tipo de almoço deixe de ser necessário.
O responsável alertou ainda para o aumento significativo do número de pessoas a viver nas ruas de Braga, que passou de uma média de cerca de 30 para aproximadamente 60. Segundo explicou, muitos dos novos casos dizem respeito a cidadãos imigrantes que, apesar de entrarem legalmente no país, não conseguiram regularizar a sua permanência. Esta realidade tem exercido uma forte pressão sobre as respostas existentes, encontrando-se atualmente ocupados o CAT, apartamentos e quartos disponíveis. A instituição aguarda a aprovação de dois novos apartamentos por parte da Segurança Social, o que permitirá acolher mais oito pessoas, embora a resposta continue a ser insuficiente.
Para 2026, Júlio Faceira Guedes anunciou o lançamento de uma iniciativa conjunta com a Câmara Municipal de Braga e o tecido empresarial local, com o objetivo de promover a empregabilidade e facilitar a integração social destas pessoas.
Presente na iniciativa, o presidente da Câmara Municipal de Braga, João Rodrigues, reconheceu o crescimento da cidade, defendendo que “há teto para todos”, mas admitindo que o aumento da oferta habitacional permitiria respostas mais eficazes por parte das instituições. O autarca considerou essencial compreender as razões que levam estas pessoas a permanecer em situação de sem-abrigo, defendendo um trabalho articulado entre as várias entidades.
Também o Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, marcou presença no almoço, manifestando preocupação com o aumento do número de pessoas sem-abrigo e apelando à procura de soluções concretas. O prelado defendeu um olhar de esperança, humanidade e responsabilidade perante os desafios atuais, valorizando o papel fundamental desempenhado por instituições como a Cruz Vermelha Portuguesa.






































