Uma startup portuguesa de saúde digital desenvolveu um motor de busca que permite aos médicos aceder a informação sobre dados e normas de orientação clínica e poupar tempo no diagnóstico, tratamento e referenciação de doentes.
O motor de busca Tonic Search, criado pela startup (empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento) Tonic App, do Porto, foi “desenvolvido por médicos para médicos”, disse à agência Lusa a diretora executiva do projeto, Daniela Seixas.
Através desta ferramenta, esses profissionais de saúde podem “poupar muito tempo no seu dia-a-dia, evitando pesquisar recursos dispersos em dezenas de páginas na Internet, ou que existem apenas em formato de ficheiros, com milhares de entradas”, indicou a médica.
Daniela Seixas explicou que, para utilizar esta ferramenta, basta que o médico insira o tema pretendido no motor de pesquisa, podendo escolher o recurso que necessita para resolver o problema do doente que tem à sua frente.
Segundo o diretor técnico da Tonic App, Luís Sarmento, motores de pesquisa generalistas, como o Google, estão calibrados para retornar resultados para o público em geral.
Devido a isso, “a pesquisa por termos médicos traz, maioritariamente, resultados para um público não profissional, obrigando o utilizador médico a perder tempo a filtrar resultados pouco relevantes e a pensar em pesquisas alternativas”, afirmou.
O Tonic Search, continuou o especialista em inteligência artificial, está, desde a sua conceção, “totalmente focado em informação especializada para médicos, pelo que os resultados retornados são imediatamente mais relevantes”.
De acordo com Daniela Seixas, essa informação especializada é selecionada por uma equipa composta por médicos editores, possibilitando que, assim, todos os artigos apresentados aos profissionais de saúde estejam “devidamente validados”.
Este projeto, explicou a diretora executiva, surgiu no seguimento de uma aplicação para ‘smartphones’ lançada pela empresa em março de 2017, exclusiva para médicos, que concentra ferramentas de suporte à decisão e que tem vindo a ser aperfeiçoada nos últimos meses.
A responsável contou que a aplicação móvel é já utilizada por mais de metade (53%) dos jovens médicos portugueses (menos de 34 anos) de especialidades como Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna e Pediatria.
O motor de busca Tonic Search vai “permitir aos médicos utilizar as melhores funcionalidades da aplicação, agora em qualquer computador, em casa ou no trabalho, através do nosso ‘website'”, acrescentou.
O próximo passo, indicou, passa por desenvolver algoritmos de inteligência artificial, que permitam aos médicos ver apenas os recursos associados à sua especialidade.
A startup Tonic App recebeu, em 2016, um investimento da Portugal Ventures, tendo sido selecionada como uma das 50 empresas finalistas do 2018 TiE50, um prémio associado à conferência de empreendedorismo tecnológico TiE Inflect, que decorre em Sillicon Valley, na Califórnia (Estados Unidos da América).
A empresa venceu ainda, em 2017, o programa bootcamp Techcare, organizado pelas empresas Novartis, Deloitte Digital e Beta-i, e está a preparar a internacionalização para outro mercado europeu, contando conseguir, ainda este ano, investimento estrangeiro para tal.
“Com a entrada em vigor da nova lei de proteção de dados, o que fará com que algumas barreiras legais caiam na União Europeia, visto que os países vão passar a reger-se pelo mesmo regulamento, vamos ter uma oportunidade de alargar para outro mercado europeu, ainda este ano”, contou a Daniela Seixas.
O novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), que entra em vigor a 28 de maio e que resulta da implementação de um regulamento europeu, criado em maio de 2016, obriga a que as instituições e as empresas tomem medidas no que se refere à proteção da privacidade dos cidadãos.