A funcionalidade anunciada por Mark Zuckerbeg destina-se a criar relações “a longo prazo” e não “encontros casuais”. Vai competir directamente com o Tinder, apesar de ser apresentada com uma lógica diferente.
Está para chegar um novo gigante à arena dos encontros online, para competir com plataformas como o Tinder e o Bumble: o Facebook. Sim, a rede social vai acrescentar uma funcionalidade à aplicação já existente para permitir conhecer pessoas novas e fomentar encontros online – desta feita para construir relações a “longo-prazo” e não “encontros casuais”, esclareceu Zuckerberg. A novidade foi anunciada esta terça-feira, na conferência anual F8 com os programadores da plataforma, em San Jose, na Califórnia. No lote de novidades encontra-se ainda uma ferramenta de “Histórico Limpo”, filtros de realidade virtual para o Instagram e videochamada em grupo para o Whatsapp. Até os óculos de realidade virtual da empresa ganham uma nova vida, para tentar competir com um rival de peso — a Playstation.
Para uma empresa que se gaba de ligar pessoas online, a função de encontros só chega depois de 14 anos de vida. “Há 200 milhões de pessoas no Facebook que se consideram solteiras”, começou por dizer Mark Zuckerberg, antes de anunciar as novidades.
A partir daqui Chris Cox tomou conta da apresentação para mostrar os detalhes. Munido com imagens da forma como os perfis vão ser mostrados aos potenciais interessados – com bastantes semelhanças de design a aplicações como o Tinder ou o Bumble, com as fotografias em grande destaque – Cox explicou que a abordagem do Facebook vai ser mais integrada. Em vez de “gosto” ou “passo” os utilizadores vão poder ver a que eventos tencionam ir os interessados e meter conversa com base nisso. O chat é independente do Messenger e do Whatsapp. E nada do que for feito na ferramenta de encontros vai aparecer no feed de notícias.
“Gostamos mais desta forma porque imita a forma como as pessoas se conhecem, que normalmente acontece em eventos”, explicou Cox. “Esperamos que isto ajude mais gente a conhecer-se e, se tudo correr bem, a encontrar companhia”. Só faltou anunciar uma data de lançamento.
Esta ferramenta entra em competição directa com gigantes dos encontros, como OkCupid, Tinder ou Bumble. Logo após o anúncio, as acções do grupo Match (que detém o site OkCupid e a aplicação Tinder) caíram mais de 20%, de acordo com a Bloomberg. Já as acções da Sparks Networks, dona de empresas de encontros online de nicho, como o JDate (para encontros judaicos) ou o ChristianMingle (para encontros cristãos) caíram 7,3%.
Criou-se “um grande problema” para essas plataformas, conforme explicou James Cordwell, analista da Atlantic Equities, à Reuters. Ressalvando, no entanto, que “as funcionalidades iniciais [oferecidas pelo Facebook] são relativamente básicas quando comparadas pelas oferecidas pelos serviços do grupo Match”.
Contactados pelo Guardian, os representantes do Tinder, do OkCupid e do Match.com não quiseram comentar. Já o Bumble, através do seu porta-voz, disse que estava muito “entusiasmado com as notícias de hoje”. “A nossa equipa executiva já contactou o Facebook para encontrar formas de colaborar”, cita o jornal britânico.
“Histórico Limpo” e novidades para Instagram e Whatsapp
A funcionalidade de encontros surgiu depois de Zuckerberg ter reconhecido que foi um ano particularmente “intenso” para a empresa. Em Março, o escândalo Cambridge Analytica revelou que os dados de milhões de norte-americanosforam recolhidos pelo Facebook e usados de forma abusiva.