Morreu António Arnaut, pai do Serviço Nacional de Saúde

António Arnaut foi também um dos fundadores do PS. Morreu esta segunda-feira, aos 82 anos.

António Arnaut, histórico socialista e considerado o pai do Serviço Nacional de Saúde, morreu esta segunda-feira aos 82 anos, revelou à Lusa fonte do Partido Socialista.

Advogado de formação, nasceu na Cumeeira, Penela, distrito de Coimbra, em 28 de janeiro de 1936, e estava internado nos hospitais da Universidade de Coimbra.

Ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional e um dos membros fundadores do Partido Socialista, do qual é presidente honorário, António Arnaut envolveu-se desde cedo na luta contra o Estado Novo, tendo participado na candidatura presidencial de Humberto Delgado e tendo sido candidato à Assembleia Nacional em 1959.

Membro da Acção Socialista Portuguesa e cofundador do PS, do qual é o militante n.º 4, Arnaut foi deputado da Assembleia Constituinte, deputado e Vice-Presidente da Assembleia da República.

Como membro do II Governo Constitucional – formado em coligação entre o PS de Mário Soares e o CDS de Freitas do Amaral – ficou responsável pela pasta dos Assuntos Sociais. Foi nessa qualidade que concebeu o Serviço Nacional de Saúde, tendencialmente gratuito, conforme definido pela Constituição.

Poeta e escritor, é Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Reações

Face à notícia da morte do histórico socialista, o atual secretário-geral do partido e primeiro-ministro, António Costa, já decretou luto partidário para esta segunda-feira.

“O PS está de luto com o falecimento de António Arnaut, nosso presidente honorário. Fundador do PS, militante dedicado, honrou-nos como deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República e como governante”, referiu António Costa, aqui numa primeira alusão às funções que este destacado advogado de Penela desempenhou como ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional liderado por Mário Soares.

“Para a eternidade todos o recordaremos justamente como o pai do SNS. À sua esposa, filhos e netos envio um abraço fraterno”, acrescenta o líder socialista em nota divulgada pela agência Lusa.

Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde lembra “um homem de uma verticalidade e coerência extraordinária que sempre foi um lutador pela dignidade das pessoas e olhou para o SNS como um instrumento ao serviço dessa mesma dignidade”.

António Campos, também fundador do PS, entende que o país perde uma figura a quem muito deve: “não há muitos Arnauts, infelizmente, em Portugal. O país fica muito mais pobre.”

Em nota enviada às redações, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, lembrou “um cidadão empenhado e um militante ativo da causa dos direitos sociais, porque sabia bem que sem igualdade de oportunidades a liberdade não tem condições para ser exercida”.

Também o ministros da Saúde e o ministro da Solidariedade reagiram à morte de António Arnaut. Adalberto Campos Fernandes recordou “um cidadão que se constitui inteiramente como um exemplo para nós” e Vieira da Silva lembrou “décadas de empenhamento de uma voz livre”.

O histórico socialista Manuel Alegre considerou António Arnaut foi como o socialista mais genuíno que conheceu, adiantando que a melhor homenagem que lhe pode ser feita é “salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”. “A maior homenagem que se lhe pode fazer é cumprir o último apelo que António Arnaut fez: Salvar o SNS”, frisou o ex-candidato presidencial.

Até ao final do dia, a bandeira socialista estará a meia haste em todas as sedes do país. A decisão de Costa foi comunicada à agência Lusa por fonte oficial do PS.