Não sendo forçoso que as relações azedem depois de um tempo, como os iogurtes, diz-nos experiência que o sexo arrefece à medida que a união evolui. Isto, claro, se não souber o porquê para poder evitá-lo.

Acontece à maioria dos casais: começam o namoro com fogo nas veias, a agarrarem-se pelos cantos sem cansaço que os trave, e a dada altura já só toleram uma rapidinha à noite, sem tirarem sequer o pijama porque dá trabalho. E isto porque preferimos resignar-nos à perda de prazer do que conversar com o parceiro sobre o assunto, alertam os especialistas que estudam a fragilidade do sexo em relações longas, tentando evitar que o desejo se perca.

Não existe nada mais fatal do que a falta de comunicação entre o casal.

«Não existe nada mais fatal em relações longas do que a falta de comunicação entre o casal», sublinha a investigadora em sexo Kristen Mark, da Universidade do Kentucky, EUA. «Se ambos se dispuserem a dar o passo de falarem das aventuras sexuais que gostariam de ter, e depois embarcarem juntos nelas, a satisfação é garantida.»

Uma conclusão sustentada por uma pesquisa das universidades de Southampton e College London, na Grã-Bretanha, levada a cabo junto de 11 508 pessoas entre os 16 e os 74 anos, que confirmaram sentir o desejo a esmorecer à medida que o relacionamento se prolonga no tempo. Sobretudo elas, que tendem a desinteressar-se do sexo logo ao fim de um ano.

O nosso inconsciente está marcado pela vergonha, então os casais sujeitam-se ao que têm até não dar mais.

«A rotina e o stress são uma dor de cabeça para os casais», reconhece a psicóloga e coacher sexual Cristina Mira Santos, validando todos os fatores de desgaste apontados pelo estudo: corrosão da ligação emocional, críticas constantes, cansaço físico e psicológico, declínio de momentos íntimos de qualidade como os que existem no início, decorrentes da necessidade de se conquistar o outro. De todos, porém, não conversarem é o pior.

«O nosso inconsciente coletivo está marcado pela vergonha, como se fazer amor fosse sujo, e então os casais sujeitam-se ao que têm até não dar mais», explica Cristina Mira Santos, para quem os amantes em geral sabem muito pouco acerca de sensações e daquilo que os satisfaz. «Não dizem abertamente o que preferem no sexo, do que não gostam, do que sentem.»

As férias podem ser um bom momento para variar e tentar outras perspetivas.

Inversamente, segundo o mesmo estudo britânico, mulheres capazes de orientarem os seus homens para o prazer – e de se entregarem também a ele, por consequência – mantêm o desejo aceso por mais tempo.

«As férias podem ser um bom momento para variar e tentar olhar as coisas de outra perspetiva», sugere a coacher sexual. Atreva-se a investir em brincadeiras como as que lhe sugerimos na fotogaleria para dar gás à sua vida amorosa. Descansar não é o mesmo que acomodar-se, lembram os especialistas.

«O verão faz com que nos liguemos mais ao corpo e tomemos consciência das suas sensações, o que nos desperta de outro modo para o prazer físico», realça a psicóloga e sexóloga Ana Carvalheira, falando numa maior abertura ao erotismo. Há que saber aproveitar bem a onda de calor. Até porque ninguém terá coragem de alegar falta de tempo ou dores de cabeça.