Professores dos quadros deixaram por preencher 1230 vagas. Maioria dos lugares são na Grande Lisboa e península de Setúbal e nas regiões do interior. FNE pede incentivos para a fixação de docentes nessas áreas.
s números dos concursos de professores foram divulgados na terça-feira pelo Ministério da Educação (ME). Além de 3500 entradas nos quadros, o ministério revelou ainda que 1230 lugares ficaram por preencher por falta de candidatos. É certo que só podiam concorrer a estas vagas professores que já estavam nos quadros, mas estes números chamam a atenção para a dificuldade que escolas mais problemáticas ou em zonas mais isoladas têm em conseguir ter um corpo docente estável.
Olhando para esses números, diria que estamos perante escolas mais problemáticas, de zonas fora dos grandes centros urbanos”, aponta o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, acrescentando: “Essas escolas normalmente têm dificuldade em ter um corpo docente mais estável, os professores não ficam mais do que quatro anos.”
Segundo os números enviados ao DN pelo ME, é na zona de quadro pedagógico 7 (QZP), que engloba a cidade de Lisboa e zona norte, Lisboa ocidental e península de Setúbal, que mais lugares do quadro ficaram por preencher: 625 lugares. Segue-se todo o Alentejo, onde ficaram 174 lugares vazios e depois as zonas de Viana do Castelo, Porto, Tâmega e Braga (122) e a Lezíria, Médio Tejo e Oeste (com 195 lugares vazios).
O ME não comentou as razões para os professores dos quadros não terem querido mudar de escola. Mas, ao DN os sindicatos e o representante dos diretores de escolas públicas, Filinto Lima, adiantaram que tal se deve à falta de atratividade de algumas zonas do país.
“A desertificação do interior faz que essas escolas não se tornem atrativas e a FNE tem defendido que devem ser criados mecanismos de incentivo à fixação de professores nas periferias e interior”, aponta o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva.
O líder sindical dá como exemplo de incentivo, a criação de condições que permitam a deslocação da família dos professores para estas zonas. Filinto Lima, cujo agrupamento em Vila Nova de Gaia não teve dificuldade em conseguir os seis professores de quadro que pediu, defende que se os juízes e os médicos têm direito a incentivos, os professores também deviam ter.
A Fenprof reconhece também que estas vagas ficam em aberto porque significam em muitos casos “uma mudança de escola não desejada, relativamente à escola ou ao quadro de zona pedagógica em que se encontram” os professores. Porém, acrescenta ainda outra justificação para os 1230 lugares vazios: não haver professores do quadro suficientes para ocupar estes lugares lançados a concurso.
É que a estas vagas dos quadros de escola e agrupamento só puderam concorrer professores que já estavam no quadro, logo “ao mudarem de lugar deixam outro aberto”, frisa Mário Nogueira. O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) apela assim a que o Ministério da Educação abra estas vagas a concurso “para contratados e desempregados”.
“O ME impede os professores contratados de concorrer e assim que um professor do quadro concorre deixa o seu lugar em aberto. Só há extinção de vagas quando entram professores que estavam com horário zero [sem turmas atribuídas e que são obrigados a concorrer a estes lugares].”
Estas vagas serão agora preenchidas “por docentes em mobilidade por doença ou por docentes colocados em mobilidade interna ou ainda em sede de concurso de contratação inicial (professores contratados)”, conforme explica ao DN o Ministério da Educação.