Filas ordeiras e uma multidão estranhamente silenciosa, embora vestida a rigor, para um dos principais acontecimentos musicais do ano. Assim foi, este domingo, a entrada do público na Altice Arena para o primeiro dos dois concertos esgotados dos U2 em Lisboa integrados na digressão eXPERIENCE + iNNOCENCE. Um ambiente em tudo contrastante com a euforia que se viveu dentro do recinto. Neste regresso mais do que festejado – afinal, os U2 já não tocavam em Portugal há oito anos, depois de dois brilhantes concertos no Estádio Cidade, em Coimbra – o arranque foi dado às 21h23 (mais de vinte minutos depois do previsto). Charles Chaplin e o seu Hymkel de ‘O Grande Ditador’ deram início a uma atuação que todos queriam que fosse infernal. Desejo concedido. Um video wall ao longo do passadiço entre os dois palcos mostrou uma Europa destruída pelas guerras, onde nem sequer foi esquecido o Golpe de Estado de 1926, que deu o tiro de partida para a ditadura em Portugal, a mais longa do velho continente. E isto com a voz de Charlot: “Fight for a new world” (“lutem por um mundo novo”). A banda surgiu quase em espetro, na parte superior do passadiço, ao som de ‘Black Out’, e continuou com ‘Lights of Home’. O som do pavilhão esteve sofrível – nada de acordo com o estatuto de uma banda como os U2. Quanto à voz de Bono, não pareceu ressentir–se do ‘apagão’ de Berlim, embora ouvidos mais atentos pudessem detetar uma ligeira fraqueza nos agudos. Mas nada que perturbasse a multidão, em êxtase absoluto. As luzes e os vídeos repletos de mensagens ‘políticas’ incendiaram um pavilhão em efervescência e os grandes êxitos dos U2 deram azo às maiores ovações da banda. Temas como ‘Beautiful Day’. Do lado de lá, Bono e os seus pares pareciam divertidos e a divertirem-se, tal foi a alma com que o público cantava. E à hora de fecho desta edição ainda faltava ‘One’, ‘Sunday Bloody Sunday’ e outros que tais…