A greve dos trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP – Comboios de Portugal fez com que se cumprissem pouco mais do que os serviços mínimos, fazendo-se apenas 387 das 1.352 ligações programadas, segundo a empresa.
Dados da CP indicam que a circulação ferroviária ficou reduzida a 387 comboios, dos quais 358 estavam abrangidos pelos serviços mínimos decretados para a greve que decorreu na segunda-feira.
Para o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), o balanço da greve é “muito positivo” e “é uma clara demonstração da revolta existente entre os trabalhadores por falta de cumprimento dos acordos realizados com estes [trabalhadores] entre o Ministério e a CP”.
“Não se compreende que há 12 meses estão para recrutar 88 trabalhadores e ainda não recrutaram nenhum, não se compreende [o facto de] ter sido considerado urgentíssimo alugar quatro motoras para fazer face à especificidade do serviço regional e não se tenha alugado e a empresa tenha entrado em rotura neste verão e de ter havido um compromisso para ter concluído o processo negocial da contratação coletiva, que vem desde 2016 e que devia ter terminado ontem, dia 01 de outubro, e não terminou”, disse Luís Bravo, do SFRCI.
O responsável acrescentou que “todos estes motivos fizeram com que os trabalhadores aderissem massivamente à greve”, uma vez que se cumpriram “apenas os serviços mínimos” e 95% das bilheteiras estiveram encerradas.
“O Governo tem de retirar as amarras que colocou à CP, pois não se compreende”, afirmou Luís Bravo, acrescentando: “Esperamos que o Governo faça a sua leitura do que foi esta greve e que tome uma posição diferente”.
Na segunda-feira, a CP garantiu que já está a resolver os problemas que o sindicato apontou como justificação para a greve de segunda-feira, que considerou despropositada.
Em comunicado, a CP realçou que “o processo de recrutamento de trabalhadores da carreira comercial está programado e será concretizado de forma faseada; o processo de aquisição de material circulante está em curso, conforme tem sido publicamente divulgado, pela CP e pelo Governo, estando o seu lançamento previsto nas próximas semanas”.
“As negociações relacionadas com o Acordo de Empresa estão em curso, em diálogo com as diversas organizações sindicais, estando o desenvolvimento do processo dentro dos prazos estabelecidos”, afirmou a empresa.
A greve foi convocada pelo SFRCI por considerar que o Governo está a “bloquear” os acordos feitos há um ano para a contratação de 88 trabalhadores para o serviço comercial da CP, entre os quais revisores e trabalhadores para as bilheteiras.
Segundo o sindicato, por falta de trabalhadores das bilheteiras, a CP deixa de cobrar milhares de euros, enquanto por falta de revisores existem comboios com cerca de 900 utentes (mais de oito carruagens ou mais de uma unidade indivisível) e que circulam só com um revisor em vez dos dois necessários, colocando em risco a segurança dos utilizadores.