A tecnológica Talkdesk, criada por portugueses há sete anos nos EUA para prestar atendimento ‘online’ a empresas de todo o mundo, levantou um financiamento de 86 milhões de euros e já vale mais de um milhão.

A Talkdesk, empresa de desenvolvimento de software baseado em cloud para centros de contacto, atingiu uma avaliação superior a mil milhões de dólares após uma nova ronda de levantamento de capital no valor de 100 milhões de dólares, tornando-se no terceiro unicórnio português.

A informação foi avançada à agência Lusa pelo diretor-geral para a EMEA (Europa, Médio Oriente e África) da Talkdesk, Marco Costa, que explicou que em causa está o “levantamento de 100 milhões de dólares [86,3 milhões de euros] com uma avaliação acima de 1,2 milhões de dólares [1,03 milhões de euros]”.

O novo levantamento de capital soma-se aos anteriores de 25 milhões de dólares (21,5 milhões de euros), explicou Marco Costa, indicando que a Talkdesk, que está sediada na Califórnia, esteve “três anos sem levantar dinheiro porque estava a crescer”.

“Neste momento, sentimos que temos de aflorar ainda mais o nosso crescimento” e o “novo investimento serve para isso, para acelerar o nosso desenvolvimento e assegurar a nossa presença mundial nos mercados em que já estamos”, justificou o responsável.

A nova ronda de levantamento de capital servirá, assim, para reforçar a presença da companhia nos Estados Unidos e na Europa, através de um “plano agressivo de crescimento da equipa comercial” e de uma rede mais alargada de parceiros, visando ainda melhorar o desenvolvimento do produto, precisou Marco Costa.

Criada em 2011, a Talkdesk possibilita que qualquer empresa do mundo tenha o seu próprio ‘call center’ ‘online’, isto porque é disponibilizada uma plataforma digital para um atendimento personalizado.

Ao todo, a empresa tem já 1.500 clientes em todo o mundo, a maioria dos quais nos Estados Unidos, seguindo-se a Europa e outros mercados (como o da América Latina, da Ásia e da Austrália), de áreas como o comércio eletrónico, a banca, o retalho, a saúde e as ‘fintech’ (tecnológicas financeiras).

Em termos de funcionários, são já 400, 250 dos quais em Portugal (comerciais e engenheiros) e 150 nos Estados Unidos.

O reforço da equipa de engenheiros é, aliás, um dos objetivos da Talkdesk, segundo Marco Costa, que apontou a meta de a empresa “atingir os mil engenheiros em 2020” a trabalhar em Portugal desde os escritórios localizados em Lisboa e no Porto, que atualmente rondam os 200.

“Temos vindo a recrutar sempre — temos recrutado 20 pessoas por mês — e isso tem muito a ver com encontrar os engenheiros certos”, referiu o responsável.

Sem nunca referir valores, Marco Costa assinalou que, “nos últimos três anos, as receitas multiplicaram-se 10 vezes”, justificando que isso se deve “ao produto” em si, que é baseado numa ‘cloud’ [forma de armazenamento na internet], e à “personalização na experiência” de suporte que a Talkdesk possibilita aos clientes.

Questionado sobre o peso de Portugal no negócio, o gestor notou que o país tem um “peso importante, porque é onde está a engenharia”, mas no que toca aos clientes “representa muito pouco”.

De lado está, por isso, a hipótese de a Talkdesk sediar-se em Portugal. “O maior mercado do mundo de ‘contact centers’ [centros de atendimento] está nos Estados Unidos e nós temos de estar onde está o mercado”, disse Marco Costa.