Obra com 14 anos nunca teve ligação à rede e falha só agora foi descoberta. Infraestruturas de Portugal aponta responsabilidades à autarquia e alerta para os riscos.
O túnel rodoviário da variante à cidade, conhecido como túnel da estação, não tem bocas de incêndio a funcionar já que não estão ligadas à rede de água. O que significa que, em caso de acidente, os bombeiros não terão onde ligar as mangueiras. Com possíveis consequências nefastas, dado que a via rápida tem excesso de trânsito nas horas de ponta.
O problema foi detetado há dias por uma equipa de técnicos da empresa municipal de água AGERE, aquando de uma vistoria ao local. Os técnicos terão ficado “espantados” com a inexistência de ligação à rede: “Não se trata de uma avaria ou defeito. A ligação nunca foi construída e as bocas de incêndio estão lá para enganar”, disse fonte da empresa, frisando que ou não houve vistoria no final da construção ou foi feita sem que ninguém apontasse o problema.
A ser assim, o túnel, que em conjunto com outras vias deve passar, em breve, para a gestão municipal, foi aberto ao público sem que a estrutura estivesse a funcionar. O que – acrescenta – significa que “terá havido desleixo” quer da Infraestruturas de Portugal quer da Câmara de Braga, no tempo da gestão anterior, do PS.
A Infraestruturas de Portugal informou que a responsabilidade pela manutenção e conservação do túnel, entre o quilómetro 4,7 e 4,9 da variante – que liga a cidade à autoestrada para o Porto e à zona sudeste, incluindo Vila Verde – é da responsabilidade do Município, nos termos de um protocolo assinado em 2004 entre as partes.
Mesquita Machado rubricou
O documento, que tem a rubrica do ex-presidente Mesquita Machado, refere que os serviços camarários se responsabilizam pela manutenção e reparação de todos os equipamentos do túnel, de modo a garantir o seu funcionamento em segurança. Entre eles, está a iluminação, a rede de escoamento, a estrutura de combate a incêndios, ou seja, as bocas de incêndio e todos os acessórios.
Em causa está o enorme afluxo de trânsito à cidade, através da variante e do túnel, que tem sido causa de acidentes e engarrafamentos.
Para resolver o problema, a Câmara está a estudar a construção de uma outra, com dez quilómetros e perfil de autoestrada, que ligue Ferreiros a Celeirós, no extremo norte da urbe, junto às ligações para Famalicão, Porto, Guimarães e Barcelos.
O vice-presidente Firmino Marques vincou ao JN que “os veículos que querem ir para sudeste de Braga ou para Vila Verde deixarão de entrar na cidade e de a entupir” na Central de Camionagem e, sobretudo, no nó de Ínfias. Nas horas de ponta, a fila à entrada do túnel atinge, por vezes, alguns quilómetros, obrigando os automobilistas a mais de 20 minutos de pára/arranca.
A Câmara Municipal de Braga vai tomar todas as providências para que o túnel tenha as necessárias condições de segurança. O presidente, Ricardo Rio, disse ao JN que, através da empresa AGERE, vai avançar de imediato com a ligação do sistema público às bocas de incêndio. O autarca adiantou que as deficiências só foram detetadas agora, apesar de o protocolo ser de 2002, no quadro de uma vistoria feita antes da assinatura de um acordo de cedência pela empresa estatal Infraestruturas de Portugal de várias estradas ao Município e que inclui o túnel.
NOTICIA JN