Miguel Fragata e Inês Barahona chegam a Guimarães numa Montanha-Russa embalada pela música ao vivo dos Clã

Musical sobre a adolescência terá sessão dupla no Centro Cultural Vila Flor a 18 e 19 de janeiro  
Montanha-Russa, espetáculo da dupla Miguel Fragata e Inês Barahona, à qual se junta a dupla Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo, da banda Clã, sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, nos dias 18 e 19 de janeiro. Montanha-Russa é uma metáfora da adolescência, com o teatro e a música a disputarem o palco, desafiando as convenções do “teatro musical”, como quem desafia as leis da gravidade num loop. O processo de criação do espetáculo e a recolha de diários de adolescentes dos anos 70 a 2000, nos quais o texto do mesmo se inspirou, deram origem ao documentário Canção a Meio, realizado por Maria Remédio, igualmente apresentado a 19 de janeiro, dia que encerra com uma Festa DJ Set guiada pelos DJs Valjean.   Montanha-Russa é o diário deixado em cima da mesa, o diário destilado nas redes sociais, ou o diário perigosamente transportado para o liceu: uma intimidade a gritar “leiam-me!”, uma geração a querer fazer-se ouvir, ao som da música. A apresentação em Guimarães terá duas sessões: na sexta-feira, 18 de janeiro, às 15h00, num convite claro às escolas; e no sábado, 19 de janeiro, às 19h00, para todo o público. No sábado, há também a oportunidade para assistir gratuitamente ao documentário Canção a meio pelas 17h00, a anteceder o espetáculo, e à Festa DJ Set guiada pelos DJs Valjean, a partir das 22h30.   Montanha-Russa é um espetáculo que mergulha vertiginosamente na adolescência. Retira-a do lugar dos lugares-comuns e procura aproximá-la da dimensão da intimidade. Uma dimensão secreta, privada, interior, mas que vive no desejo de ganhar um palco onde se possa exibir. Criar um espetáculo sobre a adolescência requeria uma pesquisa longa e cuidada – diários, letras, canções, imagens, confessionários, provocações. Miguel Fragata e Inês Barahona, da companhia Formiga Atómica, desafiaram atores e músicos a pôr de pé um espetáculo musical onde todos são cúmplices. Montanha-Russa partiu, assim, de um trabalho de pesquisa junto de centenas de adolescentes, incluindo recolhas de diários e entrevistas individuais. Em palco, a peça constrói-se em disputa com a música, composta por Hélder Gonçalves, da banda Clã.  A vocalista Manuela Azevedo é uma das intérpretes.    A criação do espetáculo, dirigido a maiores de 12 anos, foi assim antecedido por um extenso trabalho junto de várias centenas de adolescentes, que incluiu um open call para a recolha de diários, entrevistas a solo, pequenos espetáculos apresentados nas escolas secundárias, cursos de criação de diários e de composição musical, palestras, etc. Ao longo de mais de um ano, Inês Barahona e Miguel Fragata mergulharam nas palavras e ideias de adolescentes. Tentaram provocar-lhes as perguntas e recolher as respostas que pontuam as suas vidas e visões do mundo. Os adolescentes já saíram da infância e caminham para o lugar das responsabilidades onde se tornarão adultos. Encontram-se a meio. Miguel e Inês tentaram encontrá-los a eles.   Em conversa acerca da matéria que receberam e com a qual começaram a coser esta obra, Miguel refere: “Houve alguns que nos enviaram transcrições de blogues, ou seja, essa dimensão da Internet e da rede social, mas nenhum diário. Recebemos muitos de outras gerações, dos anos 70, 80, 90, do início do milénio também. E para nós foi surpreendente que os contextos mudavam, as referências eram muito diferentes, mas as questões repetiam-se.”. Inês acrescenta: “É muito giro perceberes o que muda ao nível da linguagem, as expressões, o vocabulário, e não tem tanto a ver com uma classe social, tem mesmo a ver com um tempo. Começas a ler um diário dos anos 80 e, se tens memória desse tempo, de repente és transportado pela linguagem para esse lugar.”.   Todo o processo de pesquisa e criação deste espetáculo foi registado e acompanhado pelo olhar da cineasta Maria Remédio, que assina um documentário sobre o projeto, intitulado Canção a meio, cuja apresentação terá entrada livre no dia 19 de janeiro, às 17h00, no Pequeno Auditório do CCVF. Também de entrada livre será a Festa DJ Set guiada pelo DJs Valjean, a partir das 22h30, no Café Concerto do mesmo espaço.   Com encenação de Miguel Fragata, que assume também a responsabilidade do texto e letras com Inês Barahona, e música original de Hélder Gonçalves, esta Montanha-Russa conta com interpretação de Anabela Almeida, Bernardo Lobo Faria, Carla Galvão, Miguel Fragata e música ao vivo de Hélder Gonçalves, Manuela Azevedo, Miguel Ferreira e Nuno Rafael.   Os bilhetes para o espetáculo Montanha-Russa podem ser adquiridos por 2,00 euros nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor, do Centro Internacional das Artes José de Guimarães e da Casa da Memória de Guimarães, bem como nas lojas Fnac e El Corte Inglês, entre outros pontos de venda, e na internet em www.ccvf.pt e oficina.bol.pt. O documentário Canção a meio e a Festa DJ Set são de entrada livre, até ao limite da lotação da sala.