A hasta pública da antiga fábrica de sabonetes Confiança, em Braga, terá lugar em 30 de abril, anunciou hoje o presidente da Câmara local.
Segundo Ricardo Rio, o preço-base será de 3,8 milhões de euros.
A hasta pública chegou a estar marcada para novembro de 2018, mas foi suspensa por causa de uma providência cautelar interposta por um grupo de cidadãos que está contra a alienação da antiga fábrica e que defende a sua manutenção na esfera pública.
Em finais de março, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga indeferiu a providência cautelar e a hasta pública vai avançar, apesar de os autores da ação já terem anunciado que irão recorrer.
Segundo Ricardo Rio, o recurso não tem efeitos suspensivos.
O autarca já disse que o objetivo da Câmara é “garantir a reabilitação” da Confiança.
“Não o podendo garantir com meios próprios e não tendo meios de financiamento disponíveis para o projeto, qualquer iniciativa feita dentro do leque de alternativas para reabilitar o edifício e o colocar novamente ao serviço da comunidade tem benefícios para a Câmara, para o promotor e toda a cidade”, afirmou.
O imóvel foi expropriado em 2012, ainda com Mesquita Machado (PS) na liderança da Câmara, mas posteriormente a nova maioria PSD/CDS-PP/PPM no executivo e na Assembleia Municipal votou pela venda.
A Saboaria e Perfumaria Confiança abriu em 1894, tendo funcionado até 2005.
A Plataforma Salvar a Confiança, responsável pela providência cautelar, diz que se trata do último edifício que testemunha o processo de industrialização da cidade de Braga dos finais do século XIX e inícios do século XX”.
A plataforma defende ainda que, “além da questão patrimonial, a Fábrica Confiança situa-se no local da Via XVII (estrada do período romano entre Bracara Augusta-Asturica Augusta) e numa freguesia (S. Victor) com 31 mil habitantes onde não existe qualquer equipamento cultural municipal”.
Recorda que está a decorrer na Direção-Geral do Património Cultural o processo de classificação da antiga fábrica.
“O investimento na aquisição deste edifício industrial encontra-se integralmente pago, não constituindo qualquer encargo para o município, para lá da mera manutenção do imóvel, que, no caso, nem tem ocorrido. A alienação a privados constitui um ato irreversível, representará uma perda inestimável para a freguesia, para a cidade e para o país”, remata.