Maria Júlia Costa, de 47 anos, residente em Cervães, Vila Verde, está acusada pelo Ministério Público de 15 crimes de furto e um de dano, realizados entre outubro de 2017 e novembro de 2018, em residências dos concelhos de Vila Verde, Braga e Amares.
A cervanense foi detida a 6 de novembro de 2018 por militares da GNR que a seguiam após novo furto numa residência em Merelim São Paio, tendo inclusive embatido com a sua viatura contra o carro da guarda por três vezes, até que acabou detida. Ficou sujeita à medida de prisão domiciliária com vigilância eletrónica enquanto aguarda julgamento.
Na acusação do Ministério Público, agora divulgada, é indicado que Maria Júlia terá utilizado a prática de atos contra o património alheio para obter meios de assegurar a sua subsistência obtendo “elevados proveitos económicos”.
A arguida é reformada mas não auferia qualquer pensão ou rendimento que assegurasse subsistência, tendo levado a cabo a prática de furtos na região durante cerca de um ano.
Acabou por ser “seguida” durante algumas horas por militares da GNR de Braga enquanto tentava furtar no interior de residências e intercetada após consumar um assalto, tendo ainda tentado pôr-se em fuga embatendo contra o carro dos militares, estando assim também acusada de um crime de dano agravado para além dos 15 furtos a residências de que é suspeita.
Périplo de roubos em Vila Verde, Braga e Amares
Maria Júlia terá dado início ao périplo de roubos a residências entre os dias 15 e 16 de outubro de 2017, com arrombamento de persianas e janela da frente de uma residência situada no lugar do Assento, em Parada de Gatim, Vila Verde. Uma vez lá dentro, percorreu as divisões e retirou um plasma, um aparelho de TDR, várias garrafas de vinho verde, três garrafas de vinho do Porto e duas garrafas de whisky de marca “Chivas”.
Percebendo que podia obter rendimentos com a venda destes artigos, cometeu novo crime em data não concretamente apurada entre outubro e novembro de 2017 numa residência situada na Travessa da Ribeira, freguesia da Lage, em Vila Verde.
Para o efeito, partiu o vidro da porta da lavandaria nas traseiras e entrou na residência. No interior, percorreu várias divisões e levou vários eletrodomésticos, tais como grelhadores, uma aparelhagem de som e um tablet da Apple, entre outros. Levou também vários cestos com roupa e com louça, assim como relógios, bolsas, chariot e puff’s.
Esperou alguns meses até fazer novo furto, mas depois, nada a fez demover, realizando entre maio e novembro de 2018 ainda mais 12 assaltos e tentativa de assaltar mais duas residências, mas estas não logrou por estar gente em casa que a afugentou.
Entre maio e junho realizou mais três assaltos nas freguesias de Vila de Prado [apuro de 4.200€], Oleiros [7.600 euros] e Lage [1.600 euros].
Entre 11 de julho e 24 de setembro realizou mais quatro furtos nas freguesias de Atiães, Prado, Lago [Amares] e Cervães, apurando mais de 20.000 euros em valores no total dos quatro assaltos.
A 3 de outubro, regressou à Lage, mais concretamente a uma residência situada na Av. da Igreja. Nesta situação, terá tocado à campainha, e ao ver que não obteve resposta, escalou o muro e a vedação em chapa da residência e entrou na propriedade. Naquele local, partiu o vidro da porta lateral da residência e entrou na residência, assustando-se, no entanto, com o grito de uma criança, que se encontrava no interior. Refere a acusação que a arguida apenas não logrou atingir o seu objetivo, porque a menor se encontrava em casa e a detetou.
A 10 de outubro, Maria Júlia, depois de ser avistada em Vila Verde, dirigiu-se pela primeira vez ao concelho de Braga, à freguesia de Frossos, onde partiu o vidro da janela da garagem de uma habitação situada na Rua da Escola. Furtou artigos no valor de cerca de 6.000 euros, sobretudo em ouro e artigos de vestuário de marca.
No dia seguinte, 11 de outubro, regressou a Oleiros, em Vila Verde, partindo o vidro da janela frontal de uma habitação com recurso a uma pedra que ali se encontrava, na Rua D. Afonso Henriques. Terá sido o assalto que mais rendeu a Maria Luísa, furtando um total de 15.560 euros em valores, sobretudo ouro, eletrodomésticos e artigos de vestuário de marca.
O início do fim
A 5 de novembro, pelas 9h30, a arguida deslocou-se numa Peugeot Partner, sua propriedade, até Merelim São Paio. Na Rua Prof. João Ferraz, partiu o vidro da janela das traseiras de uma habitação mas foi surpreendida pelo proprietário da residência, pondo-se em fuga. Ainda assim, furtou um vaso que se encontrava no exterior da habitação. Foi o início do fim para Maria Júlia Costa.
No dia seguinte, pelas 9h40, sem medo às autoridades ou de possíveis denúncias do “falhanço” do dia anterior, regressou ao concelho de Braga na mesma viatura, desta vez a Merelim São Pedro, com intuito de assaltar uma residência na Rua da Baronesa. No entanto, voltou a ser detetada pela proprietária da residência quando tentava abrir um estore da janela da sala, e pôs-se em fuga. Segunda tentativa falhada num curto espaço de tempo para a arguida.
10 minutos depois, dirigiu-se à Rua Joaquim Carneiro, na mesma freguesia, tocando várias vezes à campainha de uma residência. Não tendo obtido qualquer resposta, com recurso a uma pedra que se encontrava naquele local, partiu o vidro de uma janela e, por ela, entrou na residência. Acabou por levar centenas de artigos de vestuário, dezenas de objetos de ouro e prata e vários eletrodomésticos.
Por volta da 11h30, a arguida abriu o portão de acesso à garagem da residência e de seguida conduziu o seu carro para o interior da mesma, onde carregou os referidos objetos e voltou a sair da garagem.
Bateu três vezes no carro da GNR
Acabou intercetada por uma patrulha da GNR que, desde as 9H20 do mesmo dia, a andava a vigiar por dela suspeitar. Procurando evitar a sua detenção e pôr-se em fuga, a arguida acelerou o veículo que conduzia e embateu, por três vezes, no veículo da GNR, tentando passar à força, apesar de este se encontrar devidamente caracterizado e todos os militares envergarem os uniformes do corpo policial a que pertenciam.
Refere a acusação que ao atuar da forma acima descrita, a arguida agiu livre e deliberadamente, com o propósito concretizado de provocar estragos no veículo da GNR, como provocou, apesar de bem saber que o mesmo pertencia àquela força policial e que actuava contra a vontade da mesma.
Vai agora responder em tribunal pela prática de doze crimes de furto qualificado na forma consumada, dois crimes de furto qualificado na forma tentada, um crime de furto simples e um crime de dano agravado.
Foi proposta a manutenção da medida de coação de obrigação de permanência na habitação, com fiscalização do seu cumprimento mediante recurso aos meios de vigilância eletrónica até ao veredito do julgamento que inicia a junho de 2019.