Governo não vai declarar emergência climática. Seria só um gesto “simbólico”

O Bloco pediu, o Governo discorda. “As nossas metas, as nossas propostas em relação ao combate às alterações climáticas são as mais exigentes do mundo”, garantiu o ministro do Ambiente.

O ministro do Ambiente desvalorizou esta quarta-feira o pedido de declaração de emergência climática pedido pelo Bloco de Esquerda, afirmando que seria um gesto apenas simbólico e destacando que Portugal já faz mais do que os países que a declararam.

Referindo-se no Parlamento às declarações feitas pelo Reino Unido e Irlanda, João Pedro Matos Fernandes afirmou que “foi um passo simbólico”, mas nesses países não se fez a partir daí mais nada para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, os resíduos produzidos ou aumentar a produção de energia a partir de fontes renováveis.

A deputada do Bloco de Esquerda Maria Manuel Rola defendeu que a declaração de emergência é “tão simbólica quanto a Constituição ou quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos” e pediu ao Parlamento que “reconheça a gravidade da situação”.

Há no governo português e no mundo sinais contrários ao combate às alterações climáticas, disse Maria Manuel Rola, indicando que, por exemplo, o ministro do Ambiente se orgulha de Portugal não explorar mais hidrocarbonetos mas o dos Negócios Estrangeiros sanciona “o aumento da compra de gás natural de fracking [fractura] hidráulica”.

Maria Manuel Rola afirmou que “6,5% do Produto Interno Bruto mundial é canalizado em apoios públicos para a produção de energia a partir de carvão”, um valor que na União Europeia atinge “289 mil milhões de euros”.

A deputada do CDS-PP Patrícia Fonseca afirmou que, para o Governo e o PS, “a declaração de emergência climática seria admitir” falhas na execução de medidas contra as alterações climáticas.

“Num país em que dois terços do território são rurais”, a maior parte dos apoios do Fundo Ambiental “ficam nas cidades” e é nos centros urbanos que se reflectem as descidas dos preços dos passes de transportes, referiu.

João Pedro Matos Fernandes lamentou que Bloco de Esquerda e os outros partidos “aparentemente não tenham lido o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e o Plano Nacional de Energia e Clima”, afirmando que aí está o plano “exigente e realista” para limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima dos valores médios da era pré-industrial.