Jovem Sara Guimarães Gonçalves, cofundadora da startup Trigger Systems, vence prémio de inovação europeu do EIT na categoria de Mulheres.

Desde que se lembra de ser gente que a portuense Sara Guimarães Gonçalves adora a natureza e a agricultura muito graças aos pais, que do centro do Porto passaram a ter uma quinta para mostrar a natureza aos filhos. Aos 25 anos, a engenheira agrónoma juntou duas paixões na startup Trigger Systems, agricultura e tecnologia, de que é cofundadora.

Na terça-feira, em Budapeste, a jovem que estava nomeada para o EIT Woman Award, venceu mesmo, no evento de distinções (INNOVEIT) daquela que é a instituição de inovação da União Europeia, o EIT (European Institute of Innovation & Technology). O prémio, além do reconhecimento, ainda atribuiu à jovem portuguesa 20 mil euros. De que forma os irá usar? “Poderiam ser para mim, mas estava a pensar usar na empresa, porque quero desenvolver uma tecnologia a pensar nas vacas, uma espécie de cercas virtuais para substituir as cercas físicas”, explicou-nos Sara.

Depois de um pitch em palco perante investidores, políticos, comissários europeus e jornalistas, Sara Guimarães Gonçalves tornou-se a primeira portuguesa a vencer um dos prémios do EIT. Após a vitória deu entrevistas a vários meios europeus, dando visibilidade europeia ao projeto, algo que promete ajudar nos desejos de internacionalização já para 2020. A sua startup foi criada em 2017, depois de um professor a ter colocado em contacto devido ao seu perfil com Francisco Manso, outro engenheiro agrónomo, 20 anos mais experiente. Da ideia de juntar o melhor da tecnologia na agricultura para reduzir o desperdício de água até à criação da empresa foi um pequeno passo.

O apoio inicial da Portugal Ventures fez a diferença e, mais tarde, o próprio EIT também investiu na empresa especializada na Internet das Coisas para a agricultura, que já tinha amealhado 700 mil euros de investimento (tem ainda um terceiro parceiro) e nos últimos dias contou com mais 300 mil, superando o milhão de investimento.

Os serviços que disponibilizam – só este ano é que ficaram com um produto final – são já usados em jardins e na agricultura (a Câmara de Lisboa ou do Fundão já estão a usar) permitem optimizar até 50% nos consumos de água e energia, isto sem serem precisos sensores, mas usando isso sim sistemas de previsão para que a distribuição de água seja eficiente. A aposta é assim entre o sector agrícola e nos jardins urbanos.

Considerando que 70% da água usada é para agricultura e 50% pode ser salva, a empresa espera crescer e tem tido já contactos de gigantes do sector agrícola interessados nos sistemas que são desenvolvidos na sede da empresa, no Fundão. O objetivo em 2020 é o de ter dois milhões de euros em receitas e passar a ter clientes em Espanha e em França.

IN “JN”