O cabeça de lista pelo PS à câmara de Braga nas eleições de 2017, Miguel Corais, renunciou “definitivamente” ao lugar de vereador, alegando “razões profissionais”, e deixou críticas de “ingratidão imensa e deslealdade” às estruturas do partido.
Em comunicado enviado hoje aos jornalistas, Miguel Corais, que tinha pedido a suspensão do mandato há 10 meses, explica que, “após muita reflexão”, decidiu “desistir da militância e permanecer no executivo, na condição de independente, seria desistir dos seus valores, princípios e convicções” e naqueles que “acreditaram e votaram” na lista do PS por si encabeçada.
Confrontado pela Lusa com as acusações de Corais, o presidente da concelhia do PS, Artur Feio, que foi também o número dois da lista e é quem tem encabeçado a oposição socialista à maioria de Ricardo Rio (PSD/CDS-PP/PPM), disse apenas desejar “boa sorte nos desafios profissionais” também apontados para aquela renúncia e agradeceu o “trabalho em prol” do partido.
“Foi-me pedido por muitos camaradas que assumisse o papel de candidato, por acreditarem que seria a figura ideal para assumir um papel de liderança construtiva e de rosto do Partido Socialista na autarquia nos quatro anos seguintes, apoiado pelos demais eleitos e pelo Partido Socialista, afirmando paulatinamente uma oposição e uma alternativa credível que possibilitasse credibilizar o partido socialista junto dos bracarenses”, refere no texto Miguel Corais.
O ex-vereador salienta ter perguntado se “sabiam o que lhe estavam a pedir”, tendo em conta que, à data, as sondagens apontavam os 17% para o partido “e a escassos meses das eleições a direção do PS/Braga não tinha ainda definido o seu candidato”.
“Tinha plena consciência o tão pouco tempo que tinha para me preparar. Mesmo assim, em menos de cinco meses, chegámos perto dos 28% em termos de votação”, diz, acrescentando “nunca ter esperado, ao aceitar um convite para liderar a lista do Partido Socialista, num contexto muito difícil e em cima da hora, receber uma ingratidão imensa, uma deslealdade total e uma falta de solidariedade”.
No texto, Corais afasta o cenário de renunciar à militância e de continuar no cargo como independente: “Seria desistir dos meus valores, princípios e convicções, mas também desiludir aqueles que votaram numa candidatura, encabeçada por mim, mas sob a sigla do PS”, justifica.
À Lusa, o líder da concelhia do PS/Braga, Artur Feio, desejou “boa sorte” ao seu antigo número um, acrescentando que lhe resta “apenas agradecer tudo o que ele fez num contexto complicado, o empenho de demonstrou e desejar-lhe boa sorte na vida profissional e nos desafios que ele invoca para esta tomada de decisão”.