Estudo aponta pangolim como intermediário do novo coronavírus

O pangolim, um pequeno mamífero em risco de extinção e um dos animais mais contrabandeados do mundo, pode ter sido o transmissor do novo coronavírus, que já matou 636 pessoas na China, defenderam hoje cientistas chineses.

Investigadores da Universidade de Agricultura do Sul da China identificaram o pangolim como o “possível hospedeiro intermediário” que facilitou a transmissão do vírus, apontou a universidade em comunicado, sem avançar mais detalhes.

Um animal que abriga um vírus sem adoecer, mas que pode infetar outras espécies, é designado de “reservatório”.

No caso do novo coronavírus, a maioria dos analistas aponta o morcego com fonte primária: segundo um estudo recente, os genomas do novo coronavírus são 96% iguais aos que circulam no organismo daquele animal.

O pangolim poderia ter servido como “hospedeiro intermediário” entre o morcego e os seres humanos, segundo o novo estudo, citado pela imprensa estatal chinesa.

A mesma investigação, que testou mais de 1.000 amostras de animais selvagens, concluiu que os vírus detetados nos pangolins são 99% idênticos aos encontrados em pacientes humanos.

O novo vírus foi inicialmente detetado, em dezembro passado, num mercado de mariscos e animais selvagens, situado nos subúrbios de Wuhan, no centro da China.

A hipótese inicial de o intermediário ter sido a cobra foi, entretanto, afastada.

Durante a epidemia da pneumonia atípica, também causada por um coronavírus, e que entre 2002 e 2003 paralisou a China, o intermediário foi a civeta, um pequeno mamífero cuja carne é apreciada na China.

Como parte das medidas para conter a recente epidemia, a China anunciou, no final de janeiro, o encerramento temporário de mercados de animais selvagens, proibindo por tempo indeterminado a criação, transporte ou venda de todas as espécies de animais selvagens.

O pangolim é o mamífero mais contrabandeado do mundo, com cerca de um milhão de espécimes capturadas nos últimos 10 anos, nas florestas da Ásia e África. A caça ilegal é estimulada pelo aumento da procura pela sua carne e partes do corpo.

O pangolim, que tem a língua mais longa do que o seu corpo e se alimenta de formigas e térmitas, é protegido desde setembro de 2016, pela Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas de Extinção, da qual a China é signatária.

Em algumas regiões da China e do Vietname, o uso da carne do pangolim é popular entre jovens mães, pelos seus alegados efeitos benéficos para o leite materno, enquanto as suas escamas são usadas em farmacopeia tradicional.