O plano de vacinação de Portugal contra a covid-19 em nove pontos

A ‘task-force’ criada pelo Governo para coordenar o plano de vacinação contra a covid-19 apresentou hoje a primeira versão do documento, em que prevê três fases em 2021 e define critérios para a distribuição e administração na primeira.

A lista de tarefas deste grupo de trabalho previa a definição da operação logística (armazenamento e distribuição das diferentes vacinas), da estratégia de vacinação (identificação dos grupos alvo prioritários, administração e seguimento clínico de resultados e reações adversas) e de um plano de comunicação com a população.

Da versão que foi hoje apresentada, ainda não se fica a conhecer a totalidade do plano de vacinação, mas os critérios da primeira das três fases previstas já estão definidos.

Eis alguns pontos essenciais sobre o assunto:

Vacina universal, gratuita e facultativa

A vacina contra a covid-19, que deverá chegar a Portugal já em janeiro, será universal, gratuita e facultativa, e será disponibilizada à população de acordo com as características aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento.

Portugal vai comprar 22 milhões de doses

Segundo a ministra da Saúde, Portugal vai comprar mais de 22 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, no âmbito dos acordos entre seis farmacêuticas e a União Europeia, o que representa um custo de 200 milhões de euros.

Para já, estão garantidas 6,9 milhões de doses da candidata da Astrazeneca, 4,5 milhões da Johnson & Johnson’s, 1,8 milhões da Moderna e 4,5 milhões da Pfizer/BioNTech, que deverão ser as primeiras a chegar já nos primeiros dias de 2021.

Vacinação em três fases no próximo ano

Estão previstas três fases para a execução do plano de vacinação contra a covid-19 em 2021 que vão acompanhar o ritmo de disponibilização das vacinas, sendo expectável que nos primeiros meses ainda haja alguma escassez.

Por isso, numa primeira fase, que deverá decorrer entre janeiro e março, ou abril no pior cenário, só vão ter acesso à vacina até 950 mil pessoas prioritárias.

Para a segunda fase, o documento prevê um alargamento dos critérios para a definição desses grupos prioritários e, por isso, a vacina poderá chegar a mais 2,7 milhões de pessoas.

Só numa terceira fase é que toda a população terá acesso à vacina, mas o coordenador da ‘task-force’ ressalvou, durante a apresentação do documento, que isso só será possível se se confirmar o ritmo de abastecimento das vacinas que o permita, porque caso contrário podem ser criados ainda outros grupos.

Quem recebe a vacina primeiro?

Os primeiros grupos prioritários são as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares, e profissionais de saúde e de serviços essenciais (forças armadas, forças de segurança e serviços críticos), o que representa, no total, 950 mil pessoas.

Por grupo, são 250 mil em lares e unidades de cuidados continuados, 400 mil com mais de 50 anos e comorbilidades associadas e 300 mil profissionais.

Na segunda fase, ou seja, a partir de março ou abril e até junho ou julho, serão vacinadas 1,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos e cerca de 900 mil com patologias associadas e mais de 50 anos.

Vacinas administradas em lares e centros de saúde

A primeira fase da vacinação contra a covid-19 será administrada nos cerca de 1.200 pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados.

Os centros de saúde estarão destinados às 400 mil pessoas com mais de 50 anos e comorbilidades associadas, enquanto os utentes e profissionais de lares serão aí vacinados pelas equipas de enfermagem residentes.

A vacina será também administrada aos profissionais de saúde e dos serviços essenciais no âmbito da medicina no trabalho.

Para as restantes fases, o plano prevê a expansão da rede de pontos de vacinação, com critérios a definir conforme calendário e ritmo de abastecimento de vacinas.

Como aceder à vacina?

O grupo de trabalho coordenado por Francisco Ramos pretende que o plano de vacinação seja, em parte, marcado pela proatividade dos serviços de saúde.

Por isso, está prevista a criação de um “sistema de chamada” para a marcação da vacinação, de modo a que os próprios serviços de saúde identifiquem as pessoas pertencentes aos grupos de risco prioritários.

Ainda assim, aquelas que, por falta de informação, não forem chamadas poderão aceder à vacina através de declaração médica.

Operação logística centralizada

Habitualmente, os planos de vacinação decorrem num processo descentralizado, regionalizado e próximo dos locais de vacinação, mas, ao contrário, no caso da vacina contra a covid-19, esta nova operação será centralizada, naquilo que Francisco Ramos descreveu como “uma lógica de comando e controlo”.

Haverá um comando central no Ministério da Saúde, cuja direção técnica estará a cargo da Direção-Geral da Saúde, com o apoio da ‘task-force’ responsável pelo plano, através do apoio das Forças Armadas, das forças de segurança e dos serviços de inteligência.

Registo e monitorização da vacinação

O plano apresentado hoje prevê também estudos de seguimento clínico, acompanhamento da resposta imunitária e estudos de efetividade, um trabalho que está a ser coordenado com o Infarmed.

Será também feita a monitorização da vacinação, através do robustecimento do registo de vacinas eletrónico, que permitirá garantir, por um lado, que assim que uma pessoa for vacinada será agendada a segunda dose.

Vacina é facultativa, mas ‘task-force’ quer promover a adesão

No plano de vacinação, a ‘task-force dedica um capítulo à estratégia de comunicação, sublinhando o objetivo de promover a adesão dos portugueses à vacinação.

Esse trabalho será feito através dos profissionais de saúde, das entidades envolvidas no processo de vacinação, dos media, de influenciadores e das próprias pessoas, com o objetivo de garantir a aceitação à vacina e combater a desinformação.