Carlos Carmo despediu-se dos Bracarenses a 12 Outubro no Theatro Circo

Cantor e fadista tinha 81 anos. Deixou um disco quase pronto a editar, E Ainda… “Foi a maior força renovadora do fado, depois de Amália Rodrigues”, diz o musicólogo Rui Vieira Nery.

O músico morreu esta sexta-feira de manhã, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, confirmou à agência Lusa o filho Alfredo do Carmo.

A emoção de um concerto que ficará para a História!

Nascido em Lisboa, a 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados “O Faia”, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística, em 1964. Célebre por canções como “Bairro Alto”, “Fado Penélope”, “Os Putos”, “Um Homem na Cidade”, “Uma Flor de Verde Pinho”, “Canoas do Tejo” e “Lisboa, Menina e Moça”, venceu o Grammy Latino de Carreira, em 2014, tendo passado pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do Canecão, no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.

Despediu-se dos palcos no passado dia 9 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Dias antes, tinha estado no Coliseu Porto Ageas, a cujo público se dirigiu emocionado, já com uma ovação no bolso e com a voz embargada: “Não é meu costume, mas os velhos controlam-se com mais dificuldade.” Na despedida dos concertos, recebeu a Medalha de Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, pelo seu “inestimável contributo” para a música portuguesa.

“Fiz este meu caminho que não foi das pedras, mas que considero um caminho sempre saudável e que me levou sempre a ter uma perspetiva de ser solidário com os meus companheiros (…). Não me recordo de ter feito uma sacanice a um colega de profissão. E, para esta nova geração, estou de braços abertos”, disse, na ocasião, em entrevista à Lusa