O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo é o novo coordenador da ‘task force’ para o plano de vacinação contra a covid-19, substituindo Francisco Ramos, que apresentou a sua demissão do cargo, anunciou o Governo.
“O Governo nomeou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo para coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal”, adiantaram os ministérios da Saúde e da Defesa Nacional em comunicado, avançando que o militar assume essas funções de imediato.
Em declarações à RTP, Henrique Gouveia e Melo confirmou ser o novo coordenador do plano de vacinação, entrando em funções no dia de amanhã. O vice-almirante era já o representante do Ministério da Defesa Nacional na ‘task force’.
“Há muita coisa para fazer, a lista é sempre grande. Imaginem o que é vacinar, de grosso modo, uma população por duas vezes de 10 milhões de habitantes”, referiu Henrique Gouveia e Melo, realçando que “as Forças Armadas apoiam o processo de vacinação e o o Ministério da Saúde”, sem assumir “um controlo específico”.
“A minha posição, agora como coordenador da ‘task force’, é mais um sinal do apoio das Forças Armadas a este processo”, frisou.
Sobre as denúncias de vacinações indevidas, Henrique Gouveia e Melo referiu que “o processo em si é lamentável”, uma vez que “bastava haver um desvio que fosse que é lamentável”.
Contudo, referiu que “tem de haver uma análise estatística” para o caso. “É um em mil, um em cem? Um em dez, um num milhão? Neste momento, é um em mil. Em cada mil vacinas que foram administradas, há uma vacina que ainda não foi completamente clarificada como é que ocorreu”, acentuou.
Quanto à atuação das Forças Armadas em todo o processo, durante a pandemia, o vice-almirante recorreu a uma referência da Marinha, numa vertente “submarinista”, para justificar a forma de agir “silenciosa”.
“Não é a estarmos a pôr em bicos de pés que vai ajudar o povo português. Nós, militares, estamos a ajudar o Ministério da Saúde. Quem realmente tem de fazer o processo e tem de o executar é o Ministério da Saúde”, disse.
De acordo com Gouveia e Melo, esta colaboração permite aproveitar a “organização e estrutura” militar e o “conhecimento e saber” dos outros profissionais no terreno.
No início de janeiro de 2020, Henrique Gouveia e Melo tomou posse como adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
O coordenador da ‘task force’ para o Plano de Vacinação contra a covid-19 em Portugal, Francisco Ramos, demitiu-se do cargo, anunciou hoje o Ministério da Saúde.
Em comunicado, o Ministério esclareceu que a demissão de Francisco Ramos decorre de “irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva”.
Numa declaração enviada às redações, Francisco Ramos acrescentou que as irregularidades diziam respeito ao processo de seleção para vacinação de profissionais de saúde daquele hospital.
A demissão ocorre numa altura em que são públicas diversas situações de vacinação indevida de várias pessoas em várias regiões do país e no dia em que arranca a vacinação em centros de saúde de idosos com 80 ou mais anos e de pessoas com mais de 50 anos com doenças associadas, numa fase que abrange cerca de 900 mil portugueses.
Vice-almirante Gouveia e Melo garante regras mais apertadas na vacinação
O novo coordenador da ‘task force’ para o plano de vacinação contra a covid-19 assegurou. que vai apertar as regras e o controlo do processo, além de exigir uma maior consciencialização dos envolvidos.
“Claro que vamos apertar mais as regras, o aperto das regras é uma coisa importante, e o aperto do controlo também é importante, e também a consciencialização das pessoas que estão no processo”, afirmou.
Questionado sobre as medidas concretas que vai implementar, o militar ‘jogou à defesa’, mas sublinhou que já sabe quais são.
“O problema não está no processo em si de vacinação, está nas vacinas chegarem ao país, e é um processo que é macro europeu, pelo que Portugal não pode fazer muito mais”, lançou, garantindo que se sente capaz de ter êxito na nova missão, caso contrário, não teria aceitado o convite do Governo.
Segundo Gouveia e Melo, que reconheceu a existência de falhas na execução do plano de vacinação, “é prioritário atuar em todas as áreas, a começar pelas áreas onde não houve falhas”.
E acrescentou: “Vamos ter de analisar a razão das falhas e tentar evitar que elas se repitam. Há muita coisa para fazer, a lista é sempre grande. Imagine a complexidade de uma tarefa que é vacinar, grosso modo, duas vezes uma população de 10 milhões de habitantes”.