Não há memória de algo semelhante: durante sete dias consecutivos, entre 18 a 24 de fevereiro deste ano, não houve registo de mortes nas estradas portuguesas.
A informação foi avançada pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, através da sua conta de Twitter, na véspera do lançamento do site sobre o novo plano estratégico de combate à sinistralidade. Denominado “Visão Zero 2030”, o programa tem como objetivo atingir zero mortes e zero feridos nas estradas ao longo da próxima década.
“De 18 a 24 de fevereiro de 2021 registaram-se ZERO vítimas mortais nas estradas portuguesas. Foram 7 dias consecutivos sem mortes resultantes de acidentes rodoviários, algo nunca verificado em Portugal”, lê-se no Twitter da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), que já concluiu a primeira fase da “Estratégia Visão Zero 2030”, o novo plano de combate à sinistralidade que tem como objetivo alcançar zero mortes e zero feridos nas estradas na próxima década
De acordo com o primeiro relatório da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária 2021-2030: Visão Zero 2030, divulgado pela Lusa, só em 2019, os acidentes rodoviários tiveram um custo económico e social de 3.713 milhões de euros, correspondendo a 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o documento, que define ainda os princípios balizadores da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária, as vítimas mortais resultantes desses acidentes custaram 1.590 milhões de euros, os feridos graves 836 mil euros e os feridos ligeiros 1.287 milhões de euros.
“Este valor não só representa um custo injustificável, como é claramente um indicador que investir em segurança rodoviária é um valor com elevado retorno económico e social”, refere a ANSR no documento citado pela Lusa.
O relatório sublinha que, entre 1995 e 2019, “os investimentos em infraestruturas e em veículos mais seguros, juntamente com uma política integrada de segurança rodoviária, foram determinantes para salvar 26 mil vidas, evitar 187 mil feridos graves e permitir uma poupança de cerca 158 mil milhões de euros, mais de 4,5 vezes superior ao valor investido em infraestruturas”. Nos últimos 25 anos, Portugal investiu cerca de 33 mil milhões de euros em infraestruturas rodoviárias.
O documento compara ainda a sinistralidade em Portugal com os restantes países da União Europeia, indicando que o número de acidentes com vítimas no nosso país se mantém acima da média europeia desde 2000. Entre 2000 e 2010, essa diferença foi sendo reduzida. No entanto, entre 2010 e 2018, as curvas voltaram a afastar-se.
Site disponível a partir desta sexta-feira
No âmbito do plano “Visão Zero 2030”, a ANSR lançou ainda um site para dar a conhecer, “de forma transparente” e detalhada, “todo o trabalho que se encontra em desenvolvimento” para combater a sinistralidade na próxima década. A plataforma digital contém “informação relevante sobre a estratégia, tais como objetivos, metodologia, estrutura de gestão e relatórios, documentação relacionada com as políticas de segurança rodoviária a nível mundial, europeu e nacional, dados mais recentes relativos à sinistralidade, além de uma área dedicada ao sistema seguro e aos seus princípios, que são a base da Estratégia Visão Zero 2030”.
Através da página, é ainda possível “enviar contributos”. Até à data, já foram enviados mais de 100 contributos. “Apenas com o reforço do envolvimento de toda a sociedade e de todas as entidades, publicas e privadas, será possível construir uma estratégia eficaz. Todos temos uma enorme responsabilidade no combate à sinistralidade rodoviária. Se no final de cada dia de trabalho conseguirmos salvar uma vida, estaremos a dar um enorme contributo para um futuro melhor”, destaca a ANSR, em comunicado.