O presidente do Chega, demissionário pela segunda vez, volta sábado a ser o candidato único a líder disponível para os militantes do partido da extrema-direita parlamentar escolherem, em eleições diretas que se realizam por todo o país.

Em dois anos e nove meses, André Ventura é candidato pela terceira vez à presidência do Chega
PAULO CUNHA /LUSA

Em dois anos e nove meses, desde a primeira eleição (30 de junho de 2019), André Ventura, fundador e militante “nº 1”, candidata-se pela terceira vez, na sequência das eleições presidenciais de 24 de janeiro, nas quais ficou na terceira posição.

O jurista e antigo conselheiro nacional do PSD, de 38 anos, demitiu-se por ter falhado os objetivos de ficar à frente da ex-eurodeputada socialista Ana Gomes e de forçar o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a uma segunda volta.

As “diretas” realizam-se em todos os distritos do continente e nas duas Regiões Autónomas (20 mesas de voto), entre as 09:00 e as 17:00, e os resultados vão ser anunciados pelo presidente da Mesa da Convenção do partido, Luís Graça, pelas 19:30.

O deputado único da força populista tem discurso e reação previstos para as 19:45, na sede nacional do Chega, perto da Assembleia da República, em Lisboa.

Ventura já se tinha demitido uma primeira vez em abril de 2020, justificando-o com a contestação interna devido à sua abstenção no parlamento sobre a renovação do estado de emergência em virtude da pandemia de covid-19.

Os militantes do Chega vão também votar os 400 nomes de delegados para a III Convenção Nacional, que vai decorrer após o desconfinamento, provavelmente em maio, em local ainda por definir.

A nova moção estratégica do líder da força política populista defende que “a III Convenção [Nacional] terá de ser o passo definitivo” [do Chega] para alcançar presença no executivo do país.

“O objetivo do partido deverá ser agora, sem dúvidas ou tibiezas, o Governo de Portugal. As mudanças que temos de efetuar, o combate feroz à corrupção, a reforma da justiça, a dignificação dos polícias, médicas, enfermeiros, professores e de todos os que estão na linha da frente contra esta pandemia, a reforma do sistema fiscal e a reforma global do sistema político, só o conseguiremos efetivamente se os portugueses nos derem um voto de confiança para governar Portugal”, lê-se no texto de Ventura.

O documento, intitulado “Governar Portugal”, segue-se à moção estratégica apresentada nas “diretas” de 05 de setembro de 2020 e na II Convenção Nacional (19 e 20 de setembro, Évora) cujo título era “Mobilizar Portugal” e onde se propunha eleger “deputados regionais já nas eleições para a Região Autónoma dos Açores” e consolidar o Chega “como terceira força política nacional nas próximas eleições legislativas, deixando para trás o PCP, o BE e o PAN”.