Reabertura irá continuar mas Governo pede cautela

A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou, esta terça-feira, que a situação epidemiológica em Portugal se mantém “estável” e que o desconfinamento irá continuar. No entanto, o Governo pediu atenção e cautela.

À saída da reunião com especialistas no Infarmed, em Lisboa, a governante sublinhou a “tendência decrescente” que o país tem vindo a registar a nível de novos casos de covid-19, bem como de internamentos e letalidade. As futuras medidas do Governo dependerão, sobretudo, da “ligação” entre os níveis de transmissão e de incidência do vírus, afirmou.

“Temos de manter o risco efetivo de transmissão e os níveis de incidência em níveis controlados. Se isso não acontecer, corremos o risco de não andar para a frente ou, se estivermos numa fase mais complexa da pandemia, de ter de voltar para trás”, referiu Marta Temido. Por esse motivo, ao mesmo tempo que é necessário “continuar a progredir”, teremos todos de estar “atentos”.

Portugal tem hoje uma incidência “entre os 60 e os 120 casos” nos últimos 14 dias e o risco efetivo de transmissão é de 0,88 no continente, resumiu a ministra. Contudo, também alertou que “a mobilidade está a aumentar”, apelando para a manutenção do teletrabalho e para a redução dos contactos “ao mínimo indispensável”.

Temido sublinhou ainda o contexto “adverso e preocupante” que se vive em vários países da Europa. Portugal está “em contraciclo” e terá, por isso, de “manter uma atenção elevada e uma especial precaução” com os próximos dias e semanas.

Para que tal aconteça, a estratégia de testagem será reforçada, anunciou a ministra. Quanto à vacinação, estima-se que Portugal atinja, no final desta semana, a inoculação de cerca de 80% da população com mais de 80 anos, bem como um total de um milhão de cidadãos inoculados com, pelo menos, a primeira dose.

Pouco depois, o primeiro-ministro usou o Twitter para pedir também cautela aos portugueses, apesar da situação se manter para já estável. “No entanto, o risco efetivo de transmissão está a aumentar. Não obstante o #desconfinamento em curso, é muito importante manter todas as cautelas e aplicar as medidas de prevenção”, pediu António Costa. O líder do Governo anunciou ainda que o estado de emergência se deverá prolongar pelo menos até maio.

Vacina da AstraZeneca é “segura”

Quanto à vacina da AstraZeneca, que Portugal já retomou, Marta Temido garantiu que esta é “segura”. Portugal tem seguido as recomendações da Agência Europeia do Medicamento (AEM) neste capítulo, afirmou, lembrando que, segundo a referida entidade, os benefícios da AstraZeneca superam os riscos.

Outra das conclusões da AEM, continuou a ministra, foi que eventuais anomalias ocorridas em pessoas vacinadas com este fármaco – “a terem relação causal, o que não está totalmente afirmado para todos os casos”, referiu – serão situações “perfeitamente raras”.

A “autovigilância”, reforçou Marta Temido, deve existir não só com as vacinas contra a covid-19 mas, também, com a toma de qualquer medicamento que tenha possíveis efeitos secundários. A governante sustentou ainda que a vacina da AstraZeneca nunca esteve suspensa em Portugal, mas sim “em pausa” enquanto era avaliada pela AEM.

A vacinação “de pessoal docente e não docente” das escolas irá iniciar-se “num próximo fim-de-semana”, devendo ser assegurada sobretudo aos sábados e domingos, informou ainda a ministra da Saúde.