Os idosos com mais de 80 anos e as pessoas acima dos 50 com comorbilidades associadas estarão todos vacinados com a primeira dose da vacina contra a covid-19 até ao dia 11 de abril. A garantia foi dada, na manhã desta quarta-feira, pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, líder do grupo de trabalho para a vacinação. No passado domingo, mais de meio milhão de pessoas já tinham recebido as duas doses da vacina e 80% dos portugueses acima dos 80 anos tinham tomado a primeira dose.
“Prevemos fechar a 100% a vacinação dos mais de 80 anos e dos mais de 50 anos com comorbilidades até dia 11 de abril. Naturalmente, irão ficar pequenas bolsas que não conseguimos contactar. Mas a grande maioria desta comunidade, que tem a ver com o salvar vidas, estará fechada a 11 de abril”, avançou Gouveia e Melo, adiantando ainda que só após esta data será dado “o grande impulso” na inoculação da comunidade escolar.
Numa audição na comissão parlamentar de Saúde, o líder do grupo de trabalho para a vacinação rejeitou que a inclusão dos docentes nesta fase de vacinação vá contra a estratégia de ter “90% das vacinas alocadas ao objetivo salvar vidas e 10% ao objetivo de assegurar a resiliência do Estado”.
“Grande parte da comunidade educativa, cerca de 200 mil pessoas, vai ser vacinada praticamente na transição da primeira fase para a segunda fase. É no fim de semana seguinte [ao dia 11 de abril] que se vai fazer o grande impulso no ensino, que são as tais 200 mil vacinas”, esclareceu o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, explicando ainda que a inoculação de docentes e funcionários servirá “para testar as metodologias” a implementar a partir de maio. Nessa altura, o objetivo é vacinar 100 mil pessoas por dia, podendo atingir “picos até 150 mil vacinas”.
Para os 150 postos de vacinação rápida, Gouveia e Melo recordou que serão necessários 2500 enfermeiros, 400 médicos e 2300 assistentes operacionais. “Estes profissionais virão essencialmente do Serviço Nacional de Saúde, mas também será necessário contratações. O plano está a ser elaborado. A ideia é usar até 20% dos enfermeiros que estão nos cuidados primários de saúde, ou seja, 1800. E recrutar os que forem necessários”, sublinhou o responsável, frisando que, nos postos de vacinação rápida, a eficiência do processo é “quatro vezes superior” à vacinação nos centros de saúde.
“Com os mesmos recursos humanos conseguimos ter uma eficiência muito superior nesse processo. São espaços arejados que permitem uma maior segurança e distanciamento físico”, destacou.
No que toca aos critérios para a segunda fase do plano de vacinação, Gouveia e Melo lembrou que cabe à Direção Geral de Saúde tomar a decisão. Ainda assim, defende o critério da idade.
“Continuo a defender que o critério mais justo na segunda fase é o etário. Há uma grande correlação entre a maior parte das doenças neste grupo e a idade. Se fizermos a vacinação por faixa etária decrescente também estamos a fazer um ataque a essas comorbilidades que estão na sociedade”, explicou o responsável. A exceção seriam “as doenças que atingem os grupos etários mais jovens”.
Questionado sobre a utilização da vacina da AstraZeneca em Portugal, Gouveia e Melo sublinhou que o país segue as indicações da Agência Europeia do Medicamento (EMA, sigla em inglês) e que o regulador mantém a confiança na vacina. Recordou ainda que, entre as 35,8 milhões de doses que vão ser adquiridas, 6,5 milhões são da Astrazeneca.
“A EMA não mudou a sua posição sobre a AstraZeneca. Há um conjunto de movimentos à volta da AstraZeneca que não se conseguem perceber se são só de preocupação clínica ou se são de outra ordem”, disse Gouveia e Melo.