O carro seguia a 163 quilómetros por hora.

O motorista do ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita foi acusado de homicídio por negligência, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador na A6.

Na viatura, além do ministro e do motorista, seguiam mais três pessoas, uma delas um tenente-coronel de Infantaria da GNR, que é oficial de ligação no gabinete do ministro.

O processo correu no Departamento Central de Investigação e Ação Penal de Évora e já não está em segredo de Justiça.

A comitiva transitava fora das condições de serviço urgente de interesse público, não fazendo uso da sinalização legalmente imposta para o efeito, nem sonora nem luminosa.

A procuradora do Ministério Público diz que o motorista Marco Pontes, o único acusado no processo, não teve uma “condução segura” e que excedia em mais de 40 quilómetros por hora o limite de velocidade.

No momento do acidente, o carro de Eduardo Cabrita seguia na faixa da esquerda. Embateu no trabalhador a mais de 160 km/hora.

A acusação concluiu também que apesar das obras na faixa direita da autoestrada, o local estava em bom estado e que em nada se justificou a opção pela via esquerda.

“Como resultado da conduta do arguido, o veículo embateu num indivíduo que procedia ao atravessamento da via, provocando-lhe lesões que lhe determinaram a morte”, refere uma nota publicada no DIAP de Évora.

Para além do homicídio por negligência, o motorista está também acusado de duas contraordenações graves: uma por circular na faixa da esquerda não havendo trânsito e não estando a efetuar uma ultrapassagem e outra por ir em excesso de velocidade.

CABRITA DIZ QUE “NINGUÉM ESTÁ A CIMA DA LEI”

Na reação à notícia, Eduardo Cabrita afirmou que “é o estado de direito a funcionar” e falou num “repugnante aproveitamento político de uma tragédia”.

“Eu sou passageiro. É o estado de direito a funcionar. Temos de confiar no estado de direito, ninguém está acima da lei”, disse aos jornalistas, ao ser questionado sobre a sua responsabilidade no incidente.