O Boavista goleou hoje o Sporting de Braga por 5-1, em jogo da última jornada do grupo C da Taça da Liga de futebol, e apurou-se para as meias-finais da prova, nas quais vai defrontar o Benfica.
No Estádio do Bessa, os golos dos brasileiros Gustavo Sauer, aos 20 e 63 minutos, e Nathan, aos 50, do croata Petar Musa, aos 32, e do gambiano Yusupha, aos 34, ajudaram os ‘axadrezados’ a vencer pela primeira vez após nove jogos, desde 23 de setembro, quando triunfaram em Paços de Ferreira (2-1) para a mesma competição.
Iuri Medeiros, de penálti, aos 53 minutos, ‘assinou’ o tento dos ‘arsenalistas’, finalistas vencidos em 2020/21, que tentavam o nono acesso às meias-finais, mas falharam o segundo objetivo da época, depois de perderem a Supertaça frente ao Sporting (2-1)
O Boavista, que jogava com dois resultados possíveis, saiu por cima no grupo C, com seis pontos, contra um dos ‘castores’ e do Braga, e marcou encontro com o Benfica, recordista de troféus da Taça da Liga, com sete, em 25 de janeiro de 2022, em Leiria.
Depois de ter ‘poupado’ alguns titulares no desaire com o FC Porto, na 14.ª jornada da I Liga, Carlos Carvalhal devolveu Raul Silva, Diogo Leite, Yan Couto, Iuri Medeiros e Vítor Oliveira ao ‘onze’, do qual Galeno e André Castro continuam ausentes, por lesão.
Tiago Sá, habitual escolha nos desafios das taças, substituiu Matheus na baliza e viu-se impotente aos 20 minutos para travar o golo ‘picado’ de Gustavo Sauer, que escapou à defensiva, após uma receção defeituosa de Raul Silva ao passe atrasado de Al Musrati.
Esse revés manietou o início pressionante dos minhotos, que, 10 minutos antes, tiveram uma incursão de Yan Couto a esbarrar em Rafael Bracali, que supriu o lesionado Alireza Beiranvand, num duelo em que Petit voltou a contar com Gaius Makouta e Petar Musa.
Suspenso na derrota frente ao Sporting (0-2), o croata faturou pelo quarto jogo seguido, aos 32 minutos, quando, desmarcado pelo congolês, escapou a Raul Silva e contornou a saída precipitada de Tiago Sá da área, atirando a contar para o fundo da baliza vazia.
O Braga vivia momentos conturbados, agudizados instantes antes com a saída por lesão de Vítor Oliveira, e sofreu o terceiro golo do Boavista aos 34 minutos, com Yusupha a intercetar um passe de André Horta para marcar num ‘tiro’ rasteiro pleno de colocação.
Carlos Carvalhal introduziu Mario González no reatamento, desfazendo o trio de centrais, mas abriu brechas na retaguarda e voltou a ser apanhado em contrapé aos 50 minutos, com Sauer a lançar pela direita Nathan, que fugiu a Diogo Leite e ‘fuzilou’ para o 4-0.
Ato contínuo, o brasileiro fez penálti sobre Ricardo Horta, que atirou inicialmente para defesa de Bracali, embora fosse travado por Jackson Porozo quando tentava a recarga, deixando nova tentativa para Iuri Medeiros, que converteu o tento de honra minhoto.
Nem a expulsão de Petit por protestos abalou o Boavista, que completou a ‘mão cheia’ aos 63 minutos, com Musa a impor-se a Diogo Leite para oferecer à saída de Tiago Sá o ‘bis’ de Gustavo Sauer, ‘selando’ o resultado mais volumoso das ‘panteras’ em 2021/22.
Reflexo do irreconhecível Sporting de Braga foi o ‘falhanço’ de Mario González, aos 86 minutos, quando tinha tudo para bater Rafael Bracali, que ainda se aplicou a remates de Iuri Medeiros e Diogo Leite nos descontos, já depois de Paul Ntep abanar o poste, aos 80
Carlos Carvalhal, treinador do Sp. Braga, em declarações na sala de imprensa do Bessa, após a derrota por 5-1 frente ao Boavista, no derradeiro jogo do grupo C da Taça da Liga:
“Antes de mais, parabéns ao Boavista. Mereceu inteiramente ganhar. Foi mais equipa, teve mais atitude e um andamento superior ao nosso. Cometemos erros que não se podem numa competição a eliminar. Rapidamente, custaram-nos um 0-3 e tornou o jogo difícil. Não há muito mais a dizer.
Oferecemos três situações ao Boavista. A partir daí, é muito difícil alterar o resultado. Tentámos mexer, mas as contingências do jogo tornaram as coisas muito complicadas. O Boavista faz o quarto golo na primeira vez em que vai à nossa baliza na segunda parte.
Gostaria de dar uma resposta técnica sobre este jogo, mas foram tantos os erros que me levaria a dizer que houve muitíssima coisa que não esteve bem. Não vale a pena estar a pormenorizar, porque falhámos em muitos aspetos. Foi um dia mesmo muito mau. Não é esta a imagem que o Braga pode e deve deixar nos estádios. Além dos erros, acabámos por ir para o jogo com mais coração do que cabeça e isso levou-nos a fazer mais erros.
Coletivamente, e sobretudo na primeira parte, fomos uma equipa muito longe daquilo que fizemos esta época. Foram erros sucessivos atrás, no meio-campo e à frente de toda a gente. O grande responsável desta situação é sempre o treinador e tenho de assumi-la. Por isso é que sou o líder da equipa. Tenho de trabalhar para aparecer mais forte já no domingo [contra o Belenenses SAD]. Hoje é quinta-feira e não há tempo para fazer luto.”
Declarações de Petit, treinador do Boavista, após a vitória frente ao Sporting de Braga (5-1), em jogo da terceira e última jornada do grupo C da terceira fase da Taça da Liga.
“Sabíamos que tínhamos de sofrer e haveria momentos em que poderíamos atacar, roubar bolas, provocar o erro e saltar na pressão. Foi isso que trabalhámos em termos estratégicos. Fizemos cinco golos em cinco remates e também tivemos mais duas ou três situações em que poderíamos ter definido de outra forma.
Em termos defensivos, estivemos muito bem. Na primeira parte, demos um lance ao Braga, que o Rafael Bracali defendeu. Na segunda parte, sempre com mais bola, o adversário teve uma outra ocasião, fez o penálti e enviou uma bola por cima da barra. Fomos consistentes em termos defensivos e ofensivos face ao que temos vindo a trabalhar. É fruto e mérito dos jogadores, que estão a acreditar no processo. Vão melhorando dia após dia e de jogo para jogo. Dou os parabéns por aquilo que fizeram.
É a imagem que pretendemos. Uma equipa com ambição, que puxe pelos adeptos. Há que dar também os parabéns aos adeptos, que foram fantásticos e já não se lembravam de uma noite destas e de conseguir objetivos para poder estar nas fases decisivas. Já fomos campeões e ganhámos taças de Portugal e supertaças, mas esta é uma competição diferente. É importante que o atleta conheça a casa e a história do Boavista.
Podem crescer muito como equipa e acredito muito na sua qualidade e trabalho diário. Agora, o foco total terá de ser no domingo [diante do Moreirense], com menos horas de descanso, mas com a mesma ambição e atitude. Nunca estivemos numa ‘final four’, mas estar entre esses quatro emblemas é importante para todos e para a história do Boavista, que esteve muito tempo afastado desses momentos. Estamos extremamente felizes.
Não exigimos ganhar, mas trabalhar para lutar sempre pela vitória. Há sempre um adversário pela frente, mas ser ambiciosos faz parte da nossa vida. Queremos sempre algo diferente, melhorar a cada treino e jogo e trabalhar para vencer algo. Andamos no futebol para conquistar troféus. Sabemos que temos várias nacionalidades e culturas diferentes. Temos de incutir neles esta história e aquilo que poderão fazer no futuro.
Expulsão? Estava feliz pelo comportamento dos meus jogadores, mas não se passou nada de especial. Às vezes, os árbitros também não gostam que nos levantemos e gesticulemos os braços. Não faltei ao respeito, mas há que respeitar a decisão.”
Ficha de Jogo
Jogo no Estádio do Bessa, no Porto.
Boavista – SC Braga, 5-1.
Ao intervalo: 3-0.
Marcadores:
1-0, Gustavo Sauer, 20 minutos.
2-0, Petar Musa, 32.
3-0, Yusupha, 34.
4-0, Nathan, 50.
4-1, Iuri Medeiros, 53 (grande penalidade).
5-1, Gustavo Sauer, 63.
Equipas:
– Boavista: Rafael Bracali, Reggie Cannon, Jackson Porozo, Rodrigo Abascal (Tomás Reymão, 84), Nathan, Sebastián Pérez (Tiago Ilori, 71), Gaius Makouta, Filipe Ferreira (Yanis Hamache, 65), Gustavo Sauer (Ilija Vukotic, 71), Yusupha (Paul-Georges Ntep, 64) e Petar Musa.
(Suplentes: João Gonçalves, Tiago Ilori, Kenji Gorré, Tomás Reymão, Ilija Vukotic, Yanis Hamache, Paul-Georges Ntep, Tiago Morais e Pedro Malheiro).
Treinador: Petit.
– SC Braga: Tiago Sá, Paulo Oliveira (Tormena, 46), Raul Silva (Mario González, 46), Diogo Leite, Yan Couto, Al Musrati (Chiquinho, 73), André Horta (Lucas Mineiro, 46), Francisco Moura, Iuri Medeiros, Ricardo Horta e Vítor Oliveira (Abel Ruiz, 31).
(Suplentes: Lukas Hornicek, Tormena, Abel Ruiz. Lucas Piazón, Mario González, Chiquinho, Lucas Mineiro, Fabiano e Roger).
Treinador: Carlos Carvalhal.
Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Jackson Porozo (17), Al Musrati (47), Rafael Bracali (53), Rodrigo Abascal (54), Gaius Makouta (55), Francisco Moura (73) e Reggie Cannon (78). Cartão vermelho direto para o treinador do Boavista, Petit (55, no banco).
Assistência: 2.969 espetadores.