Um terço dos contactos com infectados não está a ser rastreado

Os especialistas estão a recomendar uma mudança de fundo da estratégia de rastreamento dos contactos com infectados. Apesar dos recentes reforços nas equipas, a subida de casos têm dificultado o acompanhamento dos contactos.

Segundo avança o Jornal de Notícias, o rastreamento dos contactos dos infectados com covid-19 estão a falhar devido à falta de profissionais e um terço não é acompanhado. Mesmo que as equipas sejam reforçadas, será difícil responder ao aumento de casos que se antecipa depois das festividades.

O último relatório das linhas vermelhas da Direcção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, publicado na sexta-feira, mostra que entre 15 e 21 de Dezembro, 84% dos casos foram isolados em menos de 24 horas após a notificação, mas o rastreio dos contactos dos casos positivos estão bastante mais atrasado, com apenas 58% a serem informados nas primeiras 24 horas.

No Norte e em Lisboa e Vale do Tejo, estão a ser chamados militares para ajudar na tarefa. No Norte, mais 30 militares foram formatos para apoiarem a Saúde Pública e mais 15 estarão aptos no fim desta semana para prestar informações aos contactos de risco. Já em Lisboa, cinco equipas de militares estão a ajudar, com 10 militares de cada vez por equipa.

As equipas de inquéritos epidemiológicos também foram recentemente reforçadas com mais 20 profissionais da área de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo e está já previsto um novo alargamento em breve.

Mas os especialistas estão a pedir mudanças de fundo na estratégia. “Os recursos são manifestamente insuficientes, estamos aquém das necessidades”, alerta o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

Ricardo Mexia reforça ainda que pode ser preciso “assumir que não se faz rastreio de contactos”, como fez a África do Sul. O matemático Óscar Felgueiras, também acredita que, mesmo com reforços, não será possível vigiar os contactos. “Face à dimensão de casos de que estamos a falar, é necessário uma mudança completa de paradigma, da forma como se fazem os rastreios”, defende.