Cristina Landeiro estava a ser investigada pela Inspeção das Polícias no âmbito de um inquérito iniciado pelo próprio SEF relacionado com despesas suspeitas da responsável pelas finanças deste serviço de segurança.
Aministra da Justiça e da Administração Interna, Francisca Van Dunem, exonerou Cristina Landeiro, a diretora de Gestão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que está sob suspeita de ter usado dinheiros públicos de forma abusiva.
No despacho com data de cinco de janeiro, publicado esta quinta-feira em Diário da República, Van Dunem escreve que dá “por finda, a seu pedido, a comissão de serviço no cargo de diretora central de Gestão e Administração do SEF da licenciada Cristina Landeiro Rodrigues”.
Conforme o DN tinha noticiado, esta responsável estava a ser alvo de um inquérito da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), iniciado pelo próprio SEF, com vista “apurar eventuais irregularidades financeiras ocorridas na mesma instituição”.
No entanto, questionada pelo DN sobre se a exoneração era uma consequência da conclusão deste processo, a IGAI respondeu que o mesmo ainda “se encontra a correr termos na IGAI.”
Em causa estão alegadas despesas irregulares de Cristina Landeiro. A TVI teve acesso às faturas de algumas despesas, como uma refeição num restaurante mexicano em Almada, onde a diretora pagou mojitos e não só, no total de 36,60 euros.
No dia seguinte, Cristina Landeiro foi ao SEF buscar esse dinheiro para pagar uma “despesa urgente, imprevisível e inadiável”. Terá ainda usado dinheiro do SEF para pedir sushi através de uma plataforma de entregas ao domicílio, apresentando depois a despesa de 30 euros, que foi paga no próprio dia. Mais uma vez era uma “despesa urgente, imprevisível e inadiável”.
Há cerca de um mês, a CNN Portugal noticiava ainda que o ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, tinha autorizado o pagamento de uma pós-graduação de seis mil euros numa universidade privada, com dinheiro público, à diretora Landeiro.
A escolha de Landeiro para dirigir a Direção Central de Gestão de Administração coincidiu com a subida do ex-chefe de Gabinete de Cabrita, José Barão, a diretor nacional (DNA) adjunto do SEF
Landeiro, com 48 anos, foi nomeada em março de 2020 e no seu curriculum publicado em Diário da República constava que tinha começado a sua carreira como técnica superior no Serviço Nacional de Bombeiros, seguindo depois para técnica superior de orçamento e conta especialista na Direção-Geral do Orçamento, depois subiu a chefe da Divisão de Gestão Financeira e Patrimonial do Serviço Nacional de Bombeiros e Proteção Civil e por fim, antes do SEF, foi chefe de divisão de Programação de Infraestruturas e Equipamentos da Secretaria-Geral da Administração Interna.
Tem uma licenciatura em Gestão pela Universidade Lusíada de Lisboa e um mestrado em Economia da Empresa e da Concorrência pela ISCTE – Business School.
O SEF está oficialmente extinto desde outubro passado, mas a transferência das suas competências para outras polícias (GNR, PJ e PSP), para o Instituto de Registos e Notariado e para uma ainda não criada Agência Portuguesa para as Migrações e Asilo (APMA), prevista para janeiro de 2022, foi adiada por seis meses, devido a vários atrasos no processo, embora na proposta do PS tenha sido dada como justificação a pandemia.