Já chegaram à cidade berço, esta terça-feira, 8 de março, os primeiros refugiados ucranianos. A informação foi avançada ao Mais Guimarães pela vereadora da Ação Social na Câmara Municipal de Guimarães, Paula Oliveira, acrescentando que se tratou de uma iniciativa particular.

A família de cinco pessoas acaba de chegar a Guimarães e já encontrou a paz junto daqueles que reuniram esforços para os retirar do seu país, onde não podem permanecer.

Adriana Castro e Luís Rodrigues, treinadora e presidente da Guimagym, são os grandes impulsionadores da iniciativa que possibilitou a esta família ucraniana encontrar abrigo e integração na cidade vimaranense. Os seis anos vividos na Ucrânia e as amizades feitas nessa altura não permitiram que Adriana Castro ficasse indiferente ao que se está a passar, mas admite que “sozinha não conseguiria, daí a ideia de criar uma ação de solidariedade da comunidade vimaranense para conseguir ajudar o maior número de pessoas possível”. “Uma das pessoas que vem, a mais velha, foi minha professora na faculdade, daí todo o cuidado e carinho que estou a ter porque foi uma pessoa que me ajudou muito”, refere a treinadora do Guimagym, acrescendo que “a última semana foi aflitiva ao tentar perceber se estavam todos bem e todos vivos”.

Para já, a família será acolhida na sua residência, mas aos poucos vão-se mobilizando recursos para providenciar tudo aquilo que é necessário para uma vida digna, na qual a normalidade possa ser retomada, ainda que quatro mil quilómetros de distância.

“A rede de contactos que criamos e as redes socias serviram para poder satisfazer as necessidades que são muitas. O Guimagym foi também uma base de angariação de pessoas que queiram ajudar e já temos algumas empresas que demonstraram disponibilidade para ajudar de várias formas, desde mantimentos, alojamento e emprego”, referiu ainda, acrescentado que tem a garantia de que a Câmara Municipal de Guimarães “fará a sua parte para apoiar em tudo o que não conseguirmos fazer”.

A par disto, a vereadora da Ação Social explicou ainda que saíram, esta terça-feira, duas carrinhas de Guimarães rumo à fronteira com a Ucrânia. Os veículos vão “carregados de bens, nomeadamente medicamentos, produtos de higiene, cobertores, entre muitos outros, que resultam da campanha de angariação de bens”.

A ação organizada pelo município, juntamente com a Rede Solidária e com o setor empresarial local, vai permitir fazer chegar a Guimarães, entre domingo e segunda-feira, 13 e 14 de março, um total de 14 pessoas.

Paula Oliveira reitera que “não basta acolher, é preciso integrar” e, para que isso aconteça, o município já colocou em marcha a criação de uma plataforma na qual estão reunidos os pontos de recolha de bens e, em simultâneo, uma bolsa de alojamento. “Têm chegado muitas disponibilidades de alojamento e o município, em conjunto do a Rede Solidária, verifica se existem todas as condições necessárias de conforto para acolher estes cidadãos” e “à medida que surgem estas oportunidades de alojamento vamos equacionando quantas pessoas conseguimos ir buscar”.

Ao Mais Guimarães, a Paula Oliveira saudou “a onda gigante de solidariedade demonstrada pelos vimaranenses, que todos os dias fazem chegar as suas disponibilidades em toda a ordem, que vai permitir acolher e integrar os cidadãos ucranianos”.

Recorde-se que já na semana passada tinha sido divulgada que a chegada dos primeiros refugiados ucranianos a Guimarães aconteceria esta semana, através de famílias de acolhimento.

Importa relembrar que todas as Juntas de Freguesia continuam de portas abertas para a recolha de bens essenciais. Contudo, há cuidados a ter em conta na hora de entregar esses mesmos artigos. A vereadora da Ação Social lembra que “estamos a lidar com um cenário de guerra, sem condições para cozinhar ou com condições precárias, que são as possíveis nos campos de refugiados”. Assim, no que à alimentação diz respeito, privilegiam-se os alimentos enlatados com fácil abertura ou em boiões de vidro, por exemplo