A cotação do petróleo e derivados no mercado internacional continuou em alta esta semana, à medida que o conflito na Ucrânia continua sem dar tréguas. Os consumidores terão, no entanto, medidas de mitigação.

O conflito na Ucrânia está a fazer disparar os preços do petróleo e os derivados (gasóleo e gasolina) nos mercados internacionais. Na próxima semana, os condutores já podem contar com a intervenção fiscal do Governo que irá mitigar, pelo menos parcialmente, a subida dos preços nos postos de abastecimento.

A partir da próxima segunda-feira, 14 de março, a gasolina e o gasóleo deverão subir novamente como não era visto há pelo menos uma década. A gasolina simples 95 poderá aumentar cerca de sete cêntimos, para um preço médio de 1,988 euros por litro, enquanto o gasóleo simples poderá ficar mesmo até 12 cêntimos mais caro, podendo chegar aos 1,932 euros por litro, segundo as contas do Negócios.

O agravamento poderá, no entanto, ser aliviado pelo desconto no imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP). O Governo vai introduzir um mecanismo para atenuar o aumento do preço dos combustíveis que passa por reduzir o ISP no mesmo montante em que sobe o IVA. O valor deste apoio será definido todas as sextas-feiras, em função do preço dos combustíveis.

Segundo simulações da Deloitte avançadas pelo Negócios, que tinham como pressuposto a redução do ISP na mesma dimensão do aumento do IVA, o alívio prometido pelo Governo para atenuar o aumento do preço dos combustíveis poderá reduzir a fatura do gasóleo em 1,7% da gasolina em 1,1%.

Assim, feitas as contas, caso esta medida e o seu impacto se concretizem, os automobilistas poderão poupar cerca de dois cêntimos na gasolina simples 95, pagando “apenas” 1,967 euros por litro, e ver o preço do gasóleo simples ser reduzido em cerca de três cêntimos para 1,90 euros por litro. No entanto, os valores finais do desconto do Governo só serão conhecidos esta tarde, sendo que será também divulgada a fórmula de cálculo.

Além da redução do ISP, os condutores vão ainda contar com o reforço das medidas ligadas ao AUTOvoucher. Se até agora, no âmbito deste programa,  os condutores beneficiavam de um desconto de 10 cêntimos por litro de combustível até um máximo de 50 litros mensais (o que equivalia a cinco euros), agora esse desconto aplica-se na compra de até 200 litros de gasóleo ou gasolina, num valor total de 20 euros.

Gasóleo toca nos 1.400 dólares

Os hipermercados mantêm as ofertas mais competitivas nos combustíveis rodoviários, seguidos pelos operadores do segmento “low cost”, segundo os dados da Entidade Reguladora de Serviços Energéticos (ERSE). Um terço que é pago pelos condutores nas bombas de gasolina é determinado pelas cotações do petróleo e derivados no mercado internacional.

Os futuros sobre a gasolina, negociados no mercado nova-iorquino, dispararam pela primeira vez desde 2014 para o patamar nos 1.000 dólares por barril a semana passada, um movimento que continuou esta semana e que foi acompanhado pelo gasóleo, que na quarta-feira chegou mesmo a tocar os 1.400 dólares por tonelada

Esta sexta-feira, o petróleo voltou a disparar. Os futuros sobre West Texas Intermediate (WTI), com entrega prevista em abril e negociados em Nova Iorque, seguem a escalar 3,35% para 109,57 dólares por barril. Já os futuros sobre o Brent, com entrega prevista em maio – referência para as importações europeias – estão a disparar 3,06% para 112,68 dólares por barril.

Para os analistas, a volatilidade é a palavra de ordem. “A volatilidade intradiária extrema indica talvez o grau de incerteza [dos investidores], o fluxo de notícias, o transbordar em alguns mercados spot caóticos e ainda níveis de liquidez relativamente baixos em alguns pontos”, frisa Paul Horsnell, responsável pelo departamento de “research” de matérias-primas da Standart Chartered.

Os cálculos do Negócios têm por base a evolução destes dois derivados do petróleo (gasóleo e gasolina) e do euro. Mas o custo dos combustíveis na bomba dependerá sempre de cada posto de abastecimento, da marca e da zona onde se encontra. Os novos preços têm em conta as variações calculadas pelo Negócios face ao preço médio praticado em Portugal esta semana e anunciado pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).