Sarah Hunter Murray dedicou mais de uma década a estudar o desejo sexual. Num artigo para a Psychology Today, explorou como podemos manter-nos satisfeitos a este nível, quando vivemos um relacionamento há vários anos. Para tal, citou um recente estudo publicado na Sex and Relationship Therapy.
Nele, Goldsmith e Byers recrutaram 206 homens e 289 mulheres entre os 18 e os 30 anos de idade, em relacionamentos de duração entre os seis meses e os 10 anos, e a viver no Canadá e nos Estados Unidos da América. Para os resultados, foi-lhes pedido que preenchessem vários questionários.
No que toca a possíveis comportamentos de conservação do relacionamento, haviam as hipóteses:
1 – Idealização romântica (“O meu companheiro tem todas as qualidades que sempre procurei”)
2 – Interação diádica (“Digo ao meu parceiro o quanto significa para mim”)
3 – Interação externa (“Mantenho conexões sociais comuns com o meu parceiro”)
4 – Comportamentos em perspetiva (“Passamos tempo juntos antes de nos distanciarmos)
5 – Comportamentos introspetivos (recordar momentos ou fotografias do outro quando estão separados)
6 – Comportamentos retrospetivos (dar um beijo ou abraço após terem estado separados algum tempo)
Já nos possíveis comportamentos de conservação do relacionamento a nível sexual, destacavam-se:
1 – Idealização sexual (“Quanto é que o meu parceiro corresponde à ideia daquele que seria o meu parceiro sexual ideal”)
2 – Frequência de fantasias sexuais que incluem o companheiro
3 – Frequência de fantasias sexuais que incluem outros
4 – Frequência sexual
5 – Frequência sexual online com o parceiro
6 – Frequência sexual online sem o parceiro
7 – Conformidade sexual (consentir atividade sexual sem realmente querer fazê-lo)
8 – Frequência de atividade sexual solitária online
9 – Frequência de masturbação
Baseando-se nos resultados obtidos, os autores destacaram que todos os fatores acima mencionados estavam significativamente associados à satisfação com a relação no geral, e a nível sexual. Nos comportamentos sexuais, a idealização sexual e a frequência de fantasias com o parceiro mostraram ter um grande e positivo impacto, enquanto que as fantasias sexuais com outros tiveram o efeito contrário.
A frequência sexual mostrou não ter impacto com o relacionamento em si, afetando apenas – e de forma positiva – a satisfação com a vida íntima. Já os restantes tópicos de comportamento sexual (5, 6, 7, 8 e 9), contra o esperado pelos autores, mostraram ter um impacto negativo na satisfação com a relação e com a vida sexual.
Apenas os tópicos 1 e 2 mostraram ter um impacto positivo significativo na satisfação sexual. Já na satisfação com a relação, a idealização romântica, as interações diádicas e comportamentos em perspetiva foram aqueles que mostraram impactá-la de forma positiva. Um outro grande indicador de satisfação sexual foi a satisfação com a relação.
No fundo, os resultados obtidos através deste estudo vêm provar que os comportamentos de coservação do relacionamento não só têm um impacto positivo na satisfação com a relação no geral, como se esperava, como podem ser bastante benéficos para a vida sexual do casal. Além disso, provou-se que certos comportamentos sexuais (com destaque para os números 1, 2 e 4) podem dar uma ajuda na satisfação com a intimidade entre ambos.
Apesar de tudo, os autores referem que os resultados obtidos podem diferir de relação para relação. Por exemplo, no caso da masturbação – que, no estudo, não mostrou ter benefícios para a satisfação do casal -, esta pode ser benéfica quando não é vista como “substituição” do ato sexual, mas sim um complemento a este, gerando maior desejo e conexão com o outro.