Regulador revela que os preços não sofreram alterações face ao mês de fevereiro, mas, em termos homólogos, encareceram 1,9%. Apritel defende que Portugal lidera descida dos preços de banda larga fixa na Europa.

Os preços das telecomunicações não se alteraram em março face ao mês de fevereriro, revela a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) esta terça-feira. No entanto, comparativamente com o cenário de há um ano, as comunicações encareceram 1,9%, 3,5 pontos percentuais abaixo do crescimento do Índice de Preços do Consumidor (IPC).

Os preços das telecomunicações são aferidos pela Anacom através do sub-índice do IPC relativo às comunicações. “A taxa de variação média dos preços das telecomunicações nos últimos doze meses foi de 1,1%, ou seja, 1,1 ponto percentual abaixo da registada pelo IPC (2,2%)”, conclui o regulador na análise divulgada.

“No período em análise, março de 2022, a taxa de variação média dos preços das telecomunicações em Portugal foi superior à verificada na União Europeia (+0,5 pontos percentuais). A taxa de variação média dos últimos doze meses dos preços das telecomunicações em Portugal foi a 10.ª mais elevada (18.ª mais baixa) entre os países da União Europeia [UE]. O país onde ocorreu o maior aumento de preços foi a Eslováquia (+5,6%) enquanto a maior diminuição ocorreu no Bulgária (-5,0%). Em média, os preços das telecomunicações na União Europeia (UE) aumentaram 0,6%”, lê-se.

De acordo com o regulador, em termos acumulados, os preços das telecomunicações cresceram 10,9% desde o final de 2010, enquanto o IPC subiu 15,8%. “Entre 2015 e 2019, a variação acumulada dos preços das telecomunicações foi superior à variação acumulada do IPC devido aos ajustamentos de preços efetuados pelos principais prestadores”, sublinha o organismo liderado por João Cadete de Matos.

O cenário de preços, relaça a Anacom, não é animador em termos acumulados. Nos últimos treze anos, “os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 8,9%, enquanto na UE diminuíram 9,6%”, sendo que a diferença estreitou-se, em 2019, com a entrada de novas regras europeias para regular os preços entre os países da UE.

“Uma análise comparativa mais fina, permite constatar que, entre o final de 2009 e março de 2022, os preços das telecomunicações diminuíram 25,8% nos Países Baixos e 1,1 na Áustria, enquanto na Hungria e em Portugal aumentaram 1,3% e 8,9%, respetivamente”, defende a Anacom.

Visão divergente tem a Apritel, a associação que representa as empresas do setor (incluindo NOS, Altice e Vodafone). Para este organismo liderado por Pedro Mota Soares, os dados de março, com base no Eurostat, “demonstram mais uma vez a forte dinâmica competitiva do mercado português de comunicações eletrónicas”.

A Apritel entende que os serviços nacionais estão a contribuir “para uma menor pressão inflacionista na economia nacional, por via de uma evolução abaixo da inflação verificada”, tendo em conta um contexto de aumento generalizado dos preços.

O ponto forte, realça a Apritel, são os preços de banda larga fixa: “Portugal lidera na descida de preços dos serviços de internet fixa. Na média dos últimos 12 meses, os preços em Portugal para os serviços de internet fixa diminuíram 5,2%, enquanto na UE 27 se registou um aumento de 0,9%”.