O Mercado Municipal de Braga passou, a partir de hoje, a fechar às segundas-feiras, uma medida que a vereadora do pelouro diz ir ao encontro da vontade de 70 por cento dos comerciantes, mas que é criticada pela oposição.

O assunto foi hoje levado à reunião do executivo pelos vereadores do PS e da CDU, que acusam a maioria de tomarem a decisão de uma forma unilateral e que dizem que, face à imposição de fecho à segunda-feira, alguns comerciantes já equacionam mesmo abandonar o mercado.

Em declarações à Lusa, a vereadora responsável pela Gestão e Conservação de Equipamentos Municipais, Olga Pereira, disse que o fecho à segunda-feira é defendido e apoiado por cerca de 70 por cento dos comerciantes que operam no mercado.

“Os comerciantes já vinham há muito tempo a pedir o fecho à segunda-feira. Fizemos um inquérito e cerca de 70 por cento manifestou-se favorável, alegando que a afluência não justifica a abertura. Ou seja, não estamos a fazer mais do que ir ao encontro da vontade deles”, referiu.

Sublinhou que os comerciantes vão poder continuar a trabalhar para os seus clientes profissionais, já que estes terão acesso ao mercado também às segundas-feiras.

Da mesma forma, os clientes particulares que queiram fazer compras aos seus comerciantes também poderão continuar a fazer as suas encomendas.

“Temos um móvel refrigerador à entrada do mercado, que é acionado através de um QR Code e que pode também ser utilizado para deixar encomendas. Ou seja, os comerciantes que assim o pretendam, podem continuar a trabalhar às segundas-feiras”, referiu Olga Pereira.

Para a vereadora da CDU, Bárbara Barros, o que o mercado precisa é da revogação da obrigatoriedade de os comerciantes cumprirem integralmente os horários estipulados.

“Não é justa a penalização dos comerciantes que não possam estar ali todos os dias, todo o dia”, defendeu.

Para a comunista, o fecho às segundas-feiras não só já mereceu contestação, designadamente dos talhantes, como não resolve o problema dos outros dias em que os comerciantes têm de ali estar sem clientes.

“Foi uma decisão tomada unilateralmente, sem ter em conta as especificidades do mercado. O mercado deve continuar aberto todos os dias para os comerciantes que assim o queiram, assim como deve facilitar a vida àqueles que em certos dias até perdem dinheiro por terem de cumprir o horário”, defendeu.

Bárbara Barros disse ainda que se é verdade que o mercado “está às moscas” às segundas-feiras, também o é que o mesmo acontece às quartas e sextas-feiras.

“Não se percebe o critério. O problema é que não foram ouvidas todas as pessoas”, criticou.

O PS criticou igualmente a decisão “unilateral” de encerramento às segundas-feiras, acusando a Câmara de “mudar as regras a meio do jogo, pondo em causa a sobrevivência de muita gente” que ali opera.

“É verdade que a Câmara tem poder para alterar o horário, mas o que nos tem chegado é uma grande desilusão e uma grande insatisfação dos comerciantes”, disse o vereador do PS Hugo Pires.

“Em muitos casos, estamos a falar de uma economia de subsistência, necessária para a própria sobrevivência das pessoas”, alertou.

Hugo Pires acusou a Câmara de gerir o mercado “como se fosse um Continente”, sem atender às especificidades daquele espaço.

“Alguns comerciantes até já dizem que podem abandonar o negócio, o que seria desastroso”, acentuou, acusando os membros da maioria que gere a Câmara de se comportarem como se fosses “os donos do concelho, pondo e dispondo da vida das pessoas a seu bel-prazer.

Olga Pereira disse que, para já, o mercado vai mesmo fechar às segundas-feiras, uma decisão que pode ser revertida no futuro caso a procura o justifique.

Disse ainda que está a ser equacionada um eventual prolongamento do horário de funcionamento do mercado, se houver comerciantes disponíveis para isso.

“Neste momento, é apenas uma hipótese em cima da mesa”, frisou.